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Com salário atrasado, funcionária da UniverCidade teme ser despejada

Dora da Silva, 37, é funcionária da UniverCidade e teme ser despejada do apartamento por falta de pagamento - Zulmair Rocha/UOL
Dora da Silva, 37, é funcionária da UniverCidade e teme ser despejada do apartamento por falta de pagamento Imagem: Zulmair Rocha/UOL

Giuliander Carpes

Do UOL, no Rio

11/02/2014 06h00

Dora da Silva tem 37 anos --dez deles como coordenadora administrativa do Centro Universitário da Cidade (UniverCidade), de onde não recebe salários há seis meses. É uma das quase 13 mil pessoas afetadas pelo descredenciamento da instituição e da Universidade Gama Filho (UGF) pelo Ministério da Educação. Teme ser despejada do apartamento que comprou financiado pela Caixa Econômica Federal porque não consegue pagar as prestações há quatro meses.

"A gente já vem recebendo salários atrasados há mais de um ano. Ultimamente eu vinha priorizando o pagamento do financiamento do apartamento. Mas nem isso tenho conseguido pagar mais. Já estou vendo a hora que vai chegar uma cartinha da Caixa  pedindo para eu deixar o imóvel”, afirma a moradora de Jacarepaguá, na zona oeste do Rio de Janeiro.

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A dívida com o condomínio de seu prédio é ainda maior: nove meses. “O síndico até tem sido gentil. Disse que não vai entrar na Justiça enquanto a situação da universidade não se resolver. Mas eu não sei quanto tempo aguenta a paciência dele. Já faz muito tempo que não tenho condições de pagar”, lamenta.

Dora vive com o marido, que é autônomo, e conta que sua renda representava 70% do orçamento familiar. “Minha renda era a principal, a dele é mais periódica, às vezes tem, noutras, não. Ainda é o que está ajudando a gente no momento. Mas não dá pra fazer nada. Sair, se divertir, nem pensar. É só para comer e pagar a energia elétrica.”

Assim como os demais funcionários da UniverCidade e da UGF, Dora não pode nem procurar outro emprego. As duas instituições estão fechadas porque os trabalhadores estão em greve. Mesmo se tivesse outro lugar onde trabalhar, seus documentos ficariam retidos. “E quem vai dar emprego para alguém que está devendo para todo mundo?”, questiona.

A Galileo Educacional, mantenedora das duas instituições de ensino, recebeu ofício do MEC para que disponibilize as notas dos alunos até o fim do mês. No início da semana, a Justiça já havia determinado que fossem entregues para os alunos os documentos necessários para que eles providenciem transferência para outras universidades.

O MEC publicou editais com regras para as instituições de ensino interessadas em receber os 12.569 alunos afetados pelo descredenciamento da UGF e da UniverCidade. As propostas deverão ser entregues até o próximo dia 13 de fevereiro e o prazo para o resultado da transferência é 10 de março. No entanto, os estudantes pedem que o governo federal assuma o controle das duas universidades. Eles entregaram para o MEC uma carta com assinaturas de toda a bancada de deputados federais do estado do Rio de Janeiro em apoio à proposta de federalização.