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"Me senti fracassada", diz aluna de medicina que desistiu de mestrado

Ariadne de Sá, estudante da Universidade Gama Filho  - Arquivo pessoal
Ariadne de Sá, estudante da Universidade Gama Filho Imagem: Arquivo pessoal

Bruna Souza Cruz

Do UOL, em São Paulo

10/02/2014 12h43

Ariadne de Oliveira Sá, 24, é estudante de medicina da Universidade Gama Filho e se viu obrigada a adiar o desejo de fazer um mestrado em saúde pública na Universidade de Harvard, a mais antiga instituição acadêmica dos Estados Unidos.

A jovem chegou a dar entrada no processo seletivo do programa Ciência sem Fronteiras para concorrer a uma bolsa de estudos,  mas diante do descredenciamento da universidade acabou desistindo dias antes das inscrições terminarem, em 31 de janeiro.

“Corri atrás das cartas de recomendação e fiz a de interesse. Fiz os dois testes [Toefl iBT e GRE Revised] que precisava e com as pontuações eu passaria tranquilamente pelos critérios de seleção. Mas com o descredenciamento, eu não teria o diploma em tempo hábil. Aí tive que desistir. Não sei nem quando conseguirei concluir o meu curso”, explica a Ariadne, que terminaria a graduação no meio deste ano.

Difícil aceitar

Já chorei, me revoltei, me senti fracassada! Minha graduação foi toda marcada pelo meu esforço e agora no meu último esforço para a maior oportunidade da minha vida acontece isso

Ariadne de Sá, estudante da Gama Filho

As notas dos testes exigidos na seleção, segundo ela, foram de 105 no Toefl iBT(Test of English as a Foreign Language) e 311 no GRE (Graduate Record Examination) Revised, além de um 4 na parte escrita do mesmo.

Essa seria a segunda bolsa de estudos que a estudante conseguiria, se fosse aprovada. Durante um ano, entre 2012 e 2013, ela foi participou do Ciência sem Fronteira para estudantes de graduação e atuou em um programa de pesquisas na cidade de Enschede, na Holanda.

Diante da primeira experiência no exterior, Ariadne teve certeza de que um bom caminho profissional seria fazer o mestrado fora do país. “Fiz um grande esforço para conseguir essa vaga. A minha parte eu fiz, corri atrás. Infelizmente não deu dessa vez.”

Sonho continua

A jovem faz questão de afirmar que não desistirá do sonho de estudar saúde pública em Harvard. “Assim que tiver um novo edital eu vou me candidatar. Eu quero ter essa experiência para quando eu voltar poder contribuir com o Brasil”, afirma.

O objetivo final de carreira da aluna é unir a experiência do mestrado com a prática da medicina no Brasil.

“Quero experimentar a parte acadêmica da medicina para ver qual é o meu potencial e de que maneira posso ajudar mais. Quero fazer a diferença no país. Isso que me mantem motivada. Quero trazer os conhecimentos lá de fora pra melhorar as coisas aqui. Por isso, não vou desistir”, conclui.

Transferência assistida

A jovem é bolsista do Prouni (Programa Universidade para Todos) e diz que essa situação vem sendo uma das dificuldades encontradas para transferência da Universidade Gama Filho para outra instituição de ensino superior.

“Até procurei no começo por faculdades que pudessem me receber, mas ninguém soube me informar direito como vão tratar os bolsistas do Prouni. Por isso, decidi esperar o processo de transferência assistida do MEC. O desgaste não vale.”

De acordo com o MEC (Ministério da Educação), a lista com as instituições de ensino superior selecionadas para receber os alunos do curso de medicina será publicada no dia 14 de março.

Os alunos da Gama Filho e do Centro Universitário da Cidade (UniverCidade) devem receber os documentos necessários à transferência para outras instituições de ensino entre os dias 25 e 28 deste mês.

O prazo foi acertado na audiência especial nessa segunda-feira (3), na 4ª Vara Empresarial, do Tribunal de Justiça do Rio de Janeiro. Caso o Grupo Galileo, administrador das duas instituições, não cumpra o período determinado, pagará multa única de R$ 100 mil, acrescida de R$ 2 mil, a cada dia de descumprimento, por aluno que não receber a documentação.