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Greve de mais de 6 meses faz alunos perderem semestre em universidade de AL

Funcionários da Uneal pedem reajuste salarial e aguardam resposta do governo de Teotônio Vilela Filho - Divulgação/SindUneal
Funcionários da Uneal pedem reajuste salarial e aguardam resposta do governo de Teotônio Vilela Filho Imagem: Divulgação/SindUneal

Carlos Madeiro

Do UOL, em Maceió

27/03/2013 19h56Atualizada em 28/03/2013 09h35

Cerca de 6.000 alunos da Uneal (Universidade Estadual de Alagoas) perderam o segundo semestre letivo de 2012 por conta da greve de servidores da instituição, que já dura mais de seis meses.

A paralisação teve início no dia 11 de setembro de 2012, quando os funcionários técnicos e administrativos decidiram cruzar os braços para cobrar reajuste salarial. Nesse período, os professores também entraram em greve, mas, no final de fevereiro, chegaram a um acordo com o governo do Estado e encerraram o protesto. Porém, as aulas não foram retomadas porque os técnicos ainda estão com as atividades paradas.

Passados quase 200 dias do início da greve, o Sindicato dos Técnicos e Administrativo da Uneal diz que está esperando por uma posição do governo a uma contraproposta feita no mês passado.

“A situação é complicada. Temos uma assembleia no próximo dia dois, porque o governo nos deu uma proposta, nós a princípio aceitamos, mas o nível médio ficou insatisfeito. Pegamos então o valor do impacto financeiro, refizemos a proposta e mandamos ao governo, mas não tivemos resposta até agora”, disse o sindicalista Alexandre Batista, citando que o Estado ofereceu, inicialmente, 25% de reajuste por cada cargo.

Em contato com o UOL, a Secretaria de Estado da Gestão Pública informou apenas que “está em processo de negociação” com os servidores e não falou sobre a aceitação ou não da proposta.

Semestre perdido

Segundo o vice-reitor da Uneal, Clébio Correia de Araújo, por conta do longo período de paralisação, o Conselho Universitário já decidiu considerar nulo o segundo semestre de 2012, que será retomado do zero quando as aulas forem retomadas.

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“O Conselho Universitário se reuniu e definiu que as aulas deveriam retornar no dia oito de abril. Mas não está certo, e nossa situação é de apreensão. Se não retornamos nessa data, além do prejuízo pelos dias parados --que são enormes-- teremos outros prejuízos, inclusive na credibilidade”, lamentou.

Araújo disse ainda que, para não atrasar ainda mais o calendário, os alunos aprovados no vestibular 2013 devem começar a assistir aulas junto com os alunos antigos. “Eles vão entrar juntos. Só vai demorar umas três semanas por conta das matrículas, que serão feitas após a greve. Estamos fazendo os ajustes para ver a questão de estrutura para garantir esses alunos estudando juntos. Caso contrário, iria complicar o próximo vestibular”, explicou.

Por conta da paralisação, o vice-reitor diz que há prejuízos também para serviços essenciais dos prédios. “A universidade está coberta de lixo, sem limpeza nos banheiro, corredores. Está tudo comprometido. Estamos como meia dúzia de comissionados, que na prática estão trabalhando", disse.

Alunos reclamam

Enquanto servidores e governo não chegam a um acordo, os alunos sofrem com a paralisação e o semestre perdido. “O prejuízo é irrecuperável e se torna ainda pior na medida em que os avanços que a greve proporcionou para a instituição e para as categorias não valeram à pena. Perdemos muito tempo e avançamos quase nada”, disse o coordenador geral do DCE (Diretório Central dos Estudantes), Kleverton Tenório.

Segundo o estudante, já há pressão de muitos estudantes para que os técnicos retomem as atividades. Além disso, há um temor pelo futuro da instituição. “Tememos pelo futuro da universidade por causa da mensagem passada pelo governador [Teotonio Vilela Filho-PSDB], ao demonstrar que o ensino superior não é prioridade para o governo. Enfrentamos muitos problemas, mas o maior deles ainda é a falta de investimento e o descaso por parte do governo”, afirmou.