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Aprovada no Exame da OAB aos 71 anos diz que segredo é tranquilidade

Carolina Cunha

Do UOL, em São Paulo

10/04/2013 12h28

“Nunca fui tão paparicada na vida”, conta rindo Darci Mendonça Morena ao falar com o UOL, um dia depois de ser homenageada no Conselho Federal da OAB (Ordem dos Advogados do Brasil), em Brasília. Darci recebeu o tributo na última segunda-feira (8) por ter sido aprovada aos 71 anos no 9º Exame da Ordem.

Sem precisar de cursinho preparatório, a baiana que hoje mora em Vitória, no Espírito Santo, foi aprovada no Exame da OAB recorde em reprovações (89,7%), realizado em dezembro de 2012. “Não achei a prova difícil não”, diz com tranquilidade. Aliás, essa é sua principal dica para os candidatos que se preparam para os próximos exames.

“O segredo é não ficar desesperado. Na minha rotina, acordava pela manhã e fazia minha caminhada, depois na parte da tarde estudava, das duas às sete. Mas não fiquei assim em cima dos livros. A parte que mais deve ser estudada é a do Estatuto, do regulamento. Só aí o candidato tem 12 perguntas”, conta Darci, que gabaritou a matéria.

Os bons resultados em provas não são exatamente uma surpresa para Darci. Estudar sempre foi um hábito, e ela já havia passado em dois concursos públicos: para o TRT (Tribunal Regional do Trabalho) e depois para o TRF (Tribunal Regional Federal), no Rio de Janeiro.

“Me formei professora, mas nunca exerci a profissão. Me mudei para o Rio de Janeiro onde trabalhei 30 anos em empresas privadas até entrar no TRT. Depois, fiquei mais 13 anos no TRF, onde me aposentaram compulsoriamente”, lembra. “Quando você se aposenta, sobra muito tempo, e algumas pessoas não conseguem ficar paradas, sem fazer nada”, diz ao falar da decisão de iniciar uma nova faculdade, aos 65 anos, com o apoio de toda a família e dos colegas de trabalho.

  • Advogada Darci em cerimônia de formatura, em 2012.

Na Justiça Federal, Darci conta que, embora aprendesse muita coisa na prática, tinha curiosidade e interesse em saber mais na teoria. Foi quando decidiu cursar direito, o que fez na Faculdade Estácio de Sá, na capital capixaba, para onde havia se mudado para acompanhar a filha.

Como trabalhava no período da tarde, cursou todos os cinco anos da faculdade no período da manhã. A experiência de voltar a conviver mais perto de jovens na faculdade foi gratificante. “Foi muito bom. A gente tem um pouco para ensinar e eles também. Convivendo com os mais jovens a gente aprende a ser mais tolerante”, diz.

Darci chegou a prestar a prova da OAB para se familiarizar com o teste um ano antes de se formar, em 2011. Agora, ela quer advogar voluntariamente na Justiça Federal em serviços destinado a pessoas que não podem pagar por um advogado. “Nossas defensorias públicas estão abarrotadas e há muita gente precisando de um bom advogado”, diz.