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Apesar de depredação no térreo, reitoria da USP tinha piano embalado

Cristiane Capuchinho*

Do UOL, em São Paulo

12/11/2013 10h54

O andar térreo do prédio da reitoria da USP (Universidade de São Paulo) estava em péssimo estado, após a desocupação dos alunos na manhã desta terça (12). Havia muitas pichações nas paredes, móveis fora do lugar, papeis revirados e um pó branco (que parecia de extintor de incêndio) sobre os objetos. 

Os alunos deixaram a edificação antes de a PM (Polícia Militar) chegar para a reintegração de posse. Havia um grupo de vigília na entrada da universidade, que avisou para os estudantes sobre a chegada da Tropa de Choque.

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No entanto, algumas salas estavam sem pichações e com computadores e mesas preservadas. Móveis novos, comprados para departamentos que serão alocados no prédio da reitoria, ainda estavam embalados. Havia também dois pianos Stenway dentro das caixas. 

Das quatro cozinhas (copas) avistadas pela reportagem, uma estava bastante depredada. As outras estavam sujas, mas sem sinal de terem sido usadas.

Dos cinco andares da reitoria, o UOL teve acesso também a salas do segundo e do terceiro andar. Nelas, os equipamentos estavam preservados, apenas com gavetas e armários abertos.

Durante a visitação à reitoria após a reintegração, foram encontradas diversas revistas Playboy. Havia edições de diversos anos -- muitas delas da década de 1990, como a edição com Liz Vargas (1994). Segundo a reitoria, as publicações são dos alunos. O DCE disse não saber do que se trata.

Ainda não foi feito um inventário sobre documentos e objetos após a reintegração. A USP já reclama da falta de alguns equipamentos, mas admite não ser possível afirmar com certeza se não estariam apenas fora do lugar.

Vistoria sem estudantes

Segundo o diretor do DCE (Diretório Central de Estudantes) Pedro Serrano, o movimento é político e não havia danos patrimoniais na ocupação do prédio. Os primeiros estudantes que deixaram a edificação, no começo da manhã, disseram que o local estava sujo, mas não estava depredado. 

A verificação do local foi feita após a entrada da polícia -- que encontrou o prédio praticamente vazio. Um grupo de estudantes fazia vigília na entrada do campus, que fica na zona oeste de São Paulo, e avisou os colegas que estavam no prédio invadido para que não houvesse detenções. No entanto, dois manifestantes foram detidos e levados para o 93° DP (Departamento de Polícia).

Sem acompanhar a vistoria, Pedro reclamou que a polícia "poderia mostrar o que quisesse". Os estudantes só puderam entrar no prédio com a imprensa, após uma primeira verificação da universidade. 

Reintegração após 42 dias

A reintegração de posse foi feita pela Tropa de Choque da PM (Polícia Militar) no começo do dia -- por volta das 7h15, a maior parte dos policiais já havia deixado o campus. 

No prédio em que estavam os alunos funcionavam setores administrativos, como a superintendência da USP. O reitor, João Grandino Rodas, contra quem os estudantes protestavam e a quem exigiam processo de eleição direta para reitor, já estava trabalhando em outro edifício chamado de "antiga reitoria".

Histórico da greve

Os alunos da USP entraram em greve no dia 1° de outubro e ocuparam a reitoria em protesto por democracia nas eleições da universidade. Os estudantes querem que o reitor seja escolhido em um processo de eleição direta em que toda a comunidade universitária possa votar. 

As próximas eleições da universidade acontecem no dia 19 de novembro e não terão voto direto. Quatro chapas concorrem à gestão da reitoria - três delas encabeçadas por professores que integram a administração de João Grandino Rodas, o atual reitor, que mantém discrição sobre o candidato preferido.

*Colaborou Gustavo Basso