Em reintegração da reitoria da USP, dois manifestantes são detidos
Dois homens foram detidos durante a reintegração de posse do prédio da reitoria da USP (Universidade de São Paulo) na manhã desta terça (12). Os estudantes foram levados para a 93ª DP, que fica na zona oeste da cidade de São Paulo.
Segundo o delegado Celso Lahoz Garcia, eles são acusados por formação de quadrilha, furto e danos ao patrimônio. De acordo com o delegado, não haverá fiança, mas os manifestantes poderão entrar com um pedido na Justiça para responder ao processo em liberdade.
Os detidos são os alunos da FFLCH (Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências Humanas) João Vitor Gonzaga, 27, e Inauê Taiguara Monteiro de Almeida, 23. Gonzaga é também funcionário da universidade.
O advogado do DCE (Diretório Central dos Estudantes) da USP, Felipe Vono, acompanha o interrogatório. Segundo ele, os estudantes foram detidos do lado de fora da reitoria e não há provas de que estivessem participando do protesto dentro da reitoria.
O delegado afirmou que outros estudantes ainda podem ser indiciados no inquérito aberto em 1° de outubro, quando foi ocupado o prédio.
O deputado estadual Carlos Giannazi (PSOL) esteve na delegacia e protestou contra a ação. "É um autoritarismo sem precedentes. A ação está na linha de criminalizar o movimento estudantil, que é tratado como caso de polícia o tempo todo", disse.
Reintegração após 42 dias
Após 42 dias de ocupação, a reintegração de posse do prédio da reitoria foi feita pela Tropa de Choque da PM (Polícia Militar) no começo do dia. Os policiais chegaram ao campus da Cidade Universitária por volta das 5h, segundo estudantes que estavam no local.
No prédio, funcionavam setores administrativos, como a superintendência da USP. O reitor, João Grandino Rodas, contra quem os estudantes protestavam e a quem exigiam processo de eleição direta para reitor, já estava trabalhando em outro edifício há cerca de três meses.
Após a vistoria feita pela polícia e pela universidade, o prédio da reitoria foi aberto para a imprensa. Havia muitas pichações, vidros quebrados, e sujeira no térreo. Segundo a assessoria da USP, equipamentos de áudio e som foram destruídos.
Os andares superiores não tinham marcas de vandalização, apenas gavetas e armários abertos. No térreo havia também dois pianos e móveis novos embalados.
Histórico da greve
Os alunos da USP entraram em greve no dia 1° de outubro e ocuparam a reitoria em protesto por democracia nas eleições da universidade. Os estudantes querem que o reitor seja escolhido em um processo de eleição direta em que toda a comunidade universitária possa votar.
As próximas eleições da universidade acontecem no dia 19 de dezembro e não terão voto direto. Quatro chapas concorrem à gestão da reitoria - três delas encabeçadas por professores que integram a administração de João Grandino Rodas, o atual reitor, que mantém discrição sobre o candidato preferido.
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