Escola quebrou paredes das salas, mas ainda convive com problemas
Se a Emef (Escola Municipal de Ensino Fundamental) Amorim Lima conseguiu superar o modelo tradicional de provas e alunos divididos por série, ela ainda enfrenta problemas comuns de uma escola pública. Há ainda dificuldades específicas de um projeto novo e que funciona como um projeto experimental.
Um dos desafios da manutenção do projeto, diz a diretora Ana Elisa Siqueira, é conseguir capacitar os professores sobre o modelo adotado pela escola.
“Tem uma rotatividade razoável de professores, e isso é um problema. Todo ano a gente rebola, não dá tempo de capacitar. A gente tem professores que chegam aqui sem saber do projeto”. Para o ano letivo de 2015, por exemplo, dos 60 docentes da Amorim Lima, 13 eram novatos.
Se professores chegam ao local sem saber nada sobre o modelo sem provas e séries, imagine quantos pais se assustam com as novidades da escola.
“Não é uma escola privada, a gente tá dentro do sistema público. E tem pais que não querem de jeito nenhum que a criança venha pra cá, porque não gostaram, não compreendem”, diz a diretora.
Por outro lado, existem famílias que já conhecem o projeto pedagógico, mas se decepcionam com a prática. “A minha filha passou um ano no Amorim Lima quando estava no 9º ano do ensino fundamental. Ela reclamava muito que terminava o cronograma e ficava sem fazer nada”, diz um pai, que preferiu não se identificar. “O modelo é bom, mas talvez não tenha amadurecido o suficiente”, afirma.
Depois da experiência, ele resolveu transferir a filha para outra escola pública. “Também tive problemas, algumas garotas furtavam na escola”, diz.
Além disso, há os pais que não entendem as atividades de capoeira, por exemplo. “Às vezes, o pai não quer que o filho faça um trabalho de cultura brasileira. Isso normalmente acontece por causa da religião”.
Insegurança
Se do lado de dentro da escola o clima parece de liberdade e incentivo ao desenvolvimento da autonomia, o muro da Escola Amorim Lima, na zona oeste de São Paulo, mostra que do lado de fora o clima pode ser bem diferente. “Cuidado, rua muito assaltada”, diz uma frase gravada do lado de fora da escola.
“Aqui [o bairro] está muito diferente do que já foi. O metrô chega e tudo muda. O bairro cresceu muito e a questão da droga e dos roubos está três vezes mais grave do que quando cheguei, há 20 anos. A gente não tinha tanto assalto como a gente tem hoje. Isso tudo cria uma sensação de insegurança”, diz.
"A gente sabe que tem muitos problemas", afirma a diretora, que destaca que o projeto ainda está em construção. "Esse projeto é uma construção de autonomia. As crianças estão o tempo todo convivendo e é na convivência que a gente aprende a responder o outro".
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