Enem - história: veja os 5 temas mais cobrados nas últimas provas
Compreender antes de memorizar. A sugestão para o estudo de história para o Enem (Exame Nacional do Ensino Médio) foi feita por Daniel Gomes, professor do Poliedro e doutorando pela USP (Universidade de São Paulo).
A dica é boa porque, muitas vezes, os alunos acreditam que o teste cobrará deles o conhecimento específico de datas, personagens e fatos (o que exigiria a velha decoreba), quando, na verdade, o que conta mais é a sua capacidade de problematizar e articular os conceitos históricos.
Gomes recomenda que, para a preparação, os estudantes enfoquem em áreas temáticas, em vez de cronológicas. “O aluno não deve preocupar-se coma a ordem dos reis absolutistas franceses, com o nome das drogas do sertão cultivadas no Norte do Brasil, com as datas das batalhas de qualquer época na história, tampouco com o número de presidentes brasileiros na República Velha. Importante notar que a história trabalhada no Enem é uma história problematizante.”
Veja abaixo alguns dos grandes eixos temáticos que mais ocorreram nas últimas três provas do Enem.
1. Trabalho escravo e suas implicações sociais
O trabalho é a forma pela qual a humanidade molda o mundo. Por isso, é importante ter em mente que as interações provocadas pelos modos de produção (ou seja, a maneira como a natureza é transformada pelo trabalho humano) geram consequências sociais, políticas e econômicas de longa duração.
Pense na escravidão que vigorou no Brasil até 1888. Ao obrigar uma parcela da população a condições precárias de vida e ao trabalho forçado durante séculos, ela acabou por trazer oportunidades muito diferentes para negros e brancos, uma desigualdade que dura até hoje.
Esse eixo temático tem assumido, segundo Gomes, “uma posição privilegiada” nas provas do Enem. Portanto, é fundamental dedicar-se ao estudo da escravidão dos negros (na colônia e no Império) e das suas consequências para o Brasil de hoje. O Enem, nos últimos três anos, trouxe enunciados sobre tráfico escravista, festas africanas e a abolição. Outras perguntas, como a que trata da crise do Império, do Enem de 2014, também se articulam a esse eixo.
2. Questão indígena
Outro eixo de estudos que deve ser privilegiado por quem irá prestar o Enem é o que trata da situação dos índios ao longo da história do Brasil. De acordo com a professora Daily Matos, do Objetivo, esse tipo de análise tem sido mais cobrado dos candidatos ultimamente.
Na prova do ano passado, por exemplo, houve uma pergunta que articulava os indígenas aos jesuítas. Dois anos antes, uma questão trazia um paralelo entre as políticas do Marquês de Pombal, no século 18, e os índios no Brasil colonial.
3. Era Vargas e Estado Novo
Os anos em que o poder central do Brasil foi ocupado por Getúlio Vargas têm sido tratados com atenção pelo Enem em suas últimas edições, segundo levantamento das provas feito pela professora Daily Matos, do Objetivo.
De 2012 a 2014, houve cinco questões relativas aos mandatos de Vargas, três das quais relacionadas ao Estado Novo. Outra dizia respeito ao voto feminino, uma importante conquista social obtida sob o governo varguista. Uma pergunta dizia respeito ao movimento de 1932, liderado pela oligarquia paulista e que buscava tirar Vargas da presidência.
4. Império e República oligárquica
São dois temas recorrentes principalmente nas provas de 2013 e 2014 do Enem. No total, abarcaram 13 questões, que foram do autoritarismo de D. Pedro 1º à crise do café a partir de 1929. O levantamento foi feito pelo Objetivo, a pedido do UOL.
Independentemente do tema estudado, não pense em decorar datas e fatos específicos. Em vez disso, os alunos devem procurar exercitar seu lado crítico, já que a prova pode trazer “visões diversas sobre determinado assunto”, segundo o professor Gomes.
“Questões sobre os bandeirantes, sobre a ditadura-civil militar ou sobre a Guerra do Paraguai, por exemplo, nunca aparecem de forma direta e crua, mas sempre acompanhadas de documentos de diversas naturezas”, como fotografias, textos, músicas e pinturas. Os estudantes precisam ter a capacidade de articular todos esses elementos de maneira crítica.
5. História geral
Quando o Enem aborda questões da história fora do Brasil, costumam focalizar em temáticas relacionadas à ordem econômica (como a formação do capitalismo e as ideias sociais e políticas do século 19), aos regimes políticos (como o absolutismo europeu, que emplacou três questões em 2012) e aos movimentos sociais (como os que se ligam ao racismo nos Estados Unidos e na África do Sul do apartheid).
A avaliação é do professor Daniel Gomes, do Poliedro. “Uma visão crítica, ou seja, não dogmática, da história impõe-se como necessária ao candidato.”
Assuntos gerais, que estimulam a capacidade de interpretação textual dos alunos, envolveram, nas últimas três provas do Enem, de filósofos da Grécia antiga até o imperialismo na África dos séculos 19 e 20.
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