Redação do Enem: candidato devia abordar inclusão de surdos em escolas normais, diz professora
A chave para uma boa nota na redação do Enem (Exame Nacional do Ensino Médio) deste domingo (5) foi trabalhar o tema da inclusão de alunos com deficiência física em salas de aula normais – e não em escolas especiais. A opinião é da professora de português Maria Marcia Garrote, do cursinho Objetivo.
“Já deu uma assustadinha, mas depois da leitura dos textos de apoio já dava para ficar calmo. Porque houve um grito geral de ser um tema muito específico, mas não deixa de ser o acesso à educação para deficientes”, disse a professora.
O tema da redação este ano no Enem foi “Desafios da formação educacional do surdo”. Os textos de apoio mostravam que o surdo tem que ter livre acesso à escola. “Mas se a escola não tem condições de recebê-lo, ele vai ser segregado”, observou Maria Marcia.
Segundo a professora, o candidato tinha que seguir as regras do exame fazendo uma proposta de intervenção, ou seja, sugerindo como seria possível fazer uma ação para tentar mudar a realidade. Quem não percebeu a ideia de inclusão pode ter tido dificuldade para propor uma "solução".
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De acordo com Maria Marcia, a redação deveria sugerir uma ação relacionada à inclusão da pessoa com deficiência em um ambiente comum, e não dizer que o aluno surdo deveria frequentar uma escola especial. “O desafio é que ele se forme no meio de uma sala de aula comum”, disse ela.
Para fazer isso, o candidato poderia tanto se basear em observação de alunos com deficiência na própria escola que frequentou ou discorrer sobre a linguagem brasileira de sinais.
“Você não pode pensar no aluno como um ser não pensante. Ele tem que conhecer o conceito de Libras (linguagem brasileira de sinais). É cultura geral”, disse.
Direitos humanos
Na opinião da professora, o tema da redação diminuiu muito a possibilidade de alunos ferirem os direitos humanos ao produzir suas redações.
A questão havia sido alvo de grande polêmica na véspera do exame. Em anos anteriores, vigorava uma regra segundo a qual qualquer aluno que adotasse discurso contrário aos direitos humanos teria a redação zerada.
Mas essa prática foi questionada na Justiça pela Associação Escola Sem Partido. Após uma decisão do Supremo Tribunal Federal que suspendia a regra, o Ministério da Educação declarou que quem desrespeitar os direitos humanos na redação não terá a nota automaticamente zerada, mas pode perder pontos, já que esta é uma das competências de avaliação do texto.
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