Atos pela educação incorporam pautas anti-Bolsonaro e perdem fôlego
Quatro dias após um protesto realizado em apoio ao presidente Jair Bolsonaro (PSL), estudantes voltaram hoje às ruas em 24 estados e no Distrito Federal para protestar contra os bloqueios na educação.
Capitaneadas por entidades como a UNE (União Nacional dos Estudantes) e a Ubes (União Brasileira dos Estudantes Secundaristas), as manifestações encolheram, na comparação com os atos de 15 de maio, e incorporaram pautas como a reforma da Previdência e o pacote anticrime, enviado ao Congresso pelo ministro Sergio Moro.
Em Brasília, um boneco do presidente Jair Bolsonaro foi queimado por manifestantes.
E o ministro da Educação, Abraham Weintraub, pediu que a população denunciasse quem estivesse nos atos em horário escolar. Na véspera, ele já havia dito que estudantes estavam sendo coagidos a protestar por professores.
Caldeirão
Nos atos, o que se viu foi um verdadeiro caldeirão de pautas. Gritos e cartazes reuniram críticas a temas alheios aos recursos para universidades e educação básica - mote original dos protestos.
Em alguns momentos, a impressão é que havia manifestações próprias conduzidas por grupos específicos - como o de médicos residentes, presentes aos protestos em São Paulo.
"Esses cortes afetam muito as bolsas e a própria infraestrutura desses hospitais (universitários)", disse Felipe Ramos, 28.
Fôlego
Sem contagem oficial, é difícil comparar as manifestações pela educação de 15 de maio, os atos pró-Bolsonaro do último domingo e os protestos de hoje.
A UNE fala em 2 milhões de pessoas nas ruas do país, mas é difícil verificar.
Nas TVs, imagens aéreas hoje sugerem concentrações menos expressivas do que há 15 dias, sobretudo fora do eixo Rio-São Paulo.
Segundo o Torabit, os protestos também enfraqueceram nas redes sociais. De ontem até as 18h de hoje, foram mais de 154 mil menções capturadas, contra mais de 530 mil comentários nos dias 14 e 15.
Quem estava nas manifestações
Universitários, professores e secundaristas formavam a maioria dos manifestantes. Os secundaristas, juntamente a um grupo autônomo de antifascistas, compunham a linha de frente em São Paulo.
Durante a caminhada, quando a manifestação tomou a avenida Eusébio Matoso, carros que iam no sentido contrário buzinaram e ofenderam os presentes no protesto. "Vão trabalhar", gritou um homem dentro de um veículo, logo respondido por um manifestante: "Vaza, bolsominion".
"Na minha visão, as pautas têm de ser unificadas, é isso que defendo", argumentou Litza Amorim, 26, que é formada em gestão de políticas públicas.
Para ela, não há comparação entre os cortes promovidos por Bolsonaro e aqueles feitos nos governos anteriores de PT e MDB. "O problema é que esses cortes atingem as bolsas", disse, afirmando ainda que as políticas do governo são "antissociais".
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