Estados registram protestos contra bloqueio de verbas na educação
Estudantes e professores protestaram ao longo desta quinta-feira (30) contra congelamentos de verbas na educação em 24 estados e no DF. Por volta das 21h, os atos estavam se dispersando no Rio e em Curitiba.
Em São Paulo, o ato segue na avenida Paulista, após ter partido do Largo da Batata, em Pinheiros. Um carro de som com identificações da Umes (União Municipal dos Estudantes Secundaristas de São Paulo) e da UMJ (União dos Movimentos Juvenis) disse que o protesto reuniu 300 mil pessoas em São Paulo e 2 milhões no Brasil.
Não há contagem oficial nacional, nem para a capital paulista.
Nas redes sociais, os atos de hoje perderam força, na comparação com os do último dia 15, que tiveram a mesma pauta.
Levantamento da plataforma digital Torabit mostra que houve 154 mil menções aos protestos entre ontem e hoje, enquanto na última mobilização o número de comentários sobre o assunto passou de 530 mil.
Além da educação
Convocado pela UNE (União Nacional dos Estudantes), os atos de hoje foram marcados pela presença de pautas alheias à educação, com tom "anti-Bolsonaro".
"O corte contra os investimentos na educação afeta a sociedade como um todo. Mas não é só isso. A própria Reforma da Previdência também nos afeta muito enquanto professores", disse Cora Monteiro, 35, professora de universidade particular que participou de ato no Rio.
Segundo protesto em 15 dias
Esta é a segunda vez no mês que estudantes protestam contra os cortes anunciados pelo governo. As manifestações incluíram também as centrais sindicais, como a CUT (Central Única dos Trabalhadores). A primeira foi em 15 de maio, quando os 26 estados e o Distrito Federal tiveram atos em favor da educação.
Ontem, o ministro da Educação, Abraham Weintraub, disse que há "coação" por parte de professores pela participação dos estudantes nos atos. Hoje, ele não quis comentar sobre os protestos.
Faixa reposta em Curitiba
Na capital do Paraná, estudantes instalaram uma nova faixa na fachada do prédio histórico da UFPR (Universidade Federal do Paraná).
No domingo (26), uma peça similar, com a frase "em defesa da Educação", havia sido retirada do local, sob aplausos, por manifestantes que participaram do ato pró-governo Bolsonaro.
A nova faixa é maior que a anterior e foi colocada num local mais alto da fachada do prédio da UFPR, numa operação que contou com andaimes.
"Tchutchuca", "Conje" e "Bolso-nazi" no Rio
Os apelidos ironizam, respectivamente, o ministro da Economia, Paulo Guedes, o ministro da Justiça, Sergio Moro, e Bolsonaro estampados em panos de chão criados e à venda por R$ 10 durante o ato no Rio.
"Tchutchuca e Conje são lançamentos e estão saindo, mas o Bolso-nazi faz bastante sucesso", diz o artista plástico Roosivelt Pinheiro, 54, apontando para o pano vermelho com a reprodução do rosto do presidente.
Organizadores do ato estimam o público em 100 mil manifestantes (a Polícia Militar não contabilizou o total de participantes) --o protesto do dia 15 teve a estimativa de 150 mil pessoas, segundo o Sepe-RJ (Sindicato Estadual dos Profissionais da Educação do RJ).
Ao lado de bandeiras de universidades públicas, estavam a da vereadora Marielle Franco (PSOL), "Lula Livre", de partidos de esquerda, do educador Paulo Freire e de mensagens feministas. O protesto foi além das críticas ao congelamento de verbas para a educação --a Reforma da Previdência e a flexibilização do porte e posse de armas pelo governo Bolsonaro também foram atacadas.
Confusão em Brasília
O ato na capital do país teve confusão por volta das 12h15.
Segundo a Polícia Militar, um estudante da Universidade de Brasília, que não teve o nome divulgado, foi detido por desacato -- ele se recusou a tirar uma máscara.
A ambientalista Dilma Lúcia Carvalho, de 56 anos, que testemunhou a confusão, disse que uma professora também foi detida ao jogar água nos policiais e tentar defender o estudante. A PM, no entanto, negou a informação e informou que ela foi apenas afastada do local.
Manifestantes também entoaram palavras de ordem contra a polícia militar após a queima de um boneco que representava "os fascistas": "Não acabou, tem que acabar, quero o fim da Polícia Militar". O grupo caminhou em direção à rodoviária do Plano Piloto e o ato foi encerrado perto das 14h.
Os manifestantes se concentraram em frente ao Museu Nacional e gritaram palavras de ordem contra o presidente Jair Bolsonaro (PSL).
"Quero estudar, ser inteligente, de burro já basta o presidente", cantaram os manifestantes.
24 Estados
Até as 20h, foram registradas manifestações no Distrito Federal e nestes Estados:
- Acre
- Alagoas
- Amapá
- Amazonas
- Bahia
- Ceará
- Espírito Santo
- Goiás
- Maranhão
- Mato Grosso
- Mato Grosso do Sul
- Minas Gerais
- Pará
- Paraíba
- Paraná
- Pernambuco
- Piauí
- Rio Grande do Norte
- Rio Grande do Sul
- Rio de Janeiro
- Rondônia
- Santa Catarina
- São Paulo
- Sergipe
Com reportagem de Alex Tajra, Pedro Graminha e Stella Borges, do UOL, e colaboração de Letícia Cotta, Marina Lang e Vinicius Konchinski.
ID: {{comments.info.id}}
URL: {{comments.info.url}}
Ocorreu um erro ao carregar os comentários.
Por favor, tente novamente mais tarde.
{{comments.total}} Comentário
{{comments.total}} Comentários
Seja o primeiro a comentar
Essa discussão está encerrada
Não é possivel enviar novos comentários.
Essa área é exclusiva para você, assinante, ler e comentar.
Só assinantes do UOL podem comentar
Ainda não é assinante? Assine já.
Se você já é assinante do UOL, faça seu login.
O autor da mensagem, e não o UOL, é o responsável pelo comentário. Reserve um tempo para ler as Regras de Uso para comentários.