"Educação destrói mitos": Bolsonaro e Moro viram pano de chão em ato no RJ
Estudantes voltaram hoje ao centro do Rio de Janeiro para protestar contra os bloqueios de verba para a educação. Além de atacar o congelamento de recursos, os manifestantes fazem críticas a outras propostas e atos do governo Jair Bolsonaro (PSL), como a Reforma da Previdência e a flexibilização do porte e posse de armas. Cartazes ironizam Bolsonaro e ministros de seu governo, que também estampam panos de chão à venda por R$ 10.
Por volta das 19h, organizadores estimaram o público em 100 mil manifestantes (número abaixo dos 150 mil estimados pelo Sindicato Estadual dos Profissionais da Educação do RJ no primeiro ato, do dia 15), e a Polícia Militar não contabilizou o total de participantes. Os estudantes se concentraram na tarde de hoje em frente à Igreja da Candelária, na avenida Presidente Vargas. A manifestação tomou a avenida Rio Branco rumo à Cinelândia, onde chegou por volta das 19h20.
Pacífico, o protesto organizado por entidades estudantis, como a UNE (União Nacional dos Estudantes), reúne estudantes da UFF (Universidade Federal Fluminense), UFRJ (Universidade Federal do Rio de Janeiro), Uerj (Universidade do Estado do Rio de Janeiro) e UFFRJ (Universidade Federal Rural do Rio de Janeiro). Além do Rio de Janeiro, foram registradas manifestações em defesa da educação em 21 estados e no Distrito Federal.
"O livro é nosso escudo e a arma, a inteligência", "A educação destrói mitos", "Educação acima de tudo, ciência acima de todos" e "Vivemos a miliciarização da política" são algumas das mensagens em cartazes levados pelos manifestantes.
Uma bandeira que cobra solução ao assassinato da vereadora Marielle Franco (PSOL) também era exibida. Entre as bandeiras, estão ainda as de partidos, como PT, PCdoB e PSOL, "Lula Livre", de universidades públicas, de sindicatos e com mensagens feministas.
A estudante Tatiane Alves, 19, exibia um cartaz com os dizeres "a educação destrói mitos". "Estou querendo defender a minha educação e pelo que consegui conquistar. Quero um futuro melhor e que as pessoas consigam conquistar o sonho de uma universidade pública", disse.
Embora reúna estudantes em sua maioria, o protesto também conta a presença de outras categorias, como a dos policiais. "A importância do policial estar aqui é demarcar que ele também é trabalhador. Os cortes na educação atingem diretamente os policiais porque a grande maioria de seus filhos estuda em colégio público. Nós estamos aqui representando essa luta", disse o delegado Orlando Zaconne, que filiado ao PSOL. Ele estava acompanhado de outros policiais da chamada frente Policiais Antifascismo.
"Tchutchuca", "Conje" e "Bolso-nazi"
Os apelidos ironizam, respectivamente, o ministro da Economia, Paulo Guedes, o ministro da Justiça, Sergio Moro, e Bolsonaro estampados em panos de chão criados e à venda pelo artista plástico Roosivelt Pinheiro, 54.
"Tchutchuca e Conje são lançamentos e estão saindo, mas o Bolso-nazi faz bastante sucesso", diz ele, apontando para o pano vermelho com a reprodução do rosto do presidente. As obras são inspiradas nas do artista Guga Ferraz, que também colocou o rosto do ex-presidente dos EUA George Bush em panos de chão.
Com adesivos de "Lula Livre" e uma bandeira enrolada nas costas, a enfermeira Irene Melo, 68, afirmou que Bolsonaro "sacaneia a 3ª idade" ao postar, no último domingo (26), uma foto de uma idosa protestando pelo impeachment da ex-presidente Dilma Rousseff (PT) em 2015 --no entanto, a mulher já havia morrido. A família da idosa considerou o post uma homenagem feita pelo presidente.
"Fico indignada por ele ter colocado uma pessoa que já morreu. Não foi fazendo homenagem, não. Ele quis dizer que tinha idoso ali. Ele está sacaneando a própria terceira idade. Eu estou aqui por livre e espontânea vontade, não estou foçada a nada. Estou aqui com a bandeira que eu fiz porque sou de uma geração que fazia tudo", defendeu. "É muito importante estarmos na rua na minha idade porque nós temos a experiência da ditadura. Houve ditadura, sim", acrescentou a manifestante.
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