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Relembre os principais temas de atualidades que podem cair nos vestibulares

Manifestantes pró-Brexit em frente ao Parlamento britânico durante a votação do acordo - Daniel Leal-Olivas/AFP
Manifestantes pró-Brexit em frente ao Parlamento britânico durante a votação do acordo Imagem: Daniel Leal-Olivas/AFP

Jéssica Maes

Colaboração para o UOL

19/11/2019 04h00

Os vestibulares mais concorridos do país estão chegando e atualidades são cobradas com ainda mais força do que no Exame Nacional do Ensino Médio (Enem) 2019.

De Brexit a Brumadinho, os candidatos precisam ter pelo menos uma noção de contexto, causas e possíveis consequências dos principais temas que tomaram os noticiários —especialmente no período entre o final de 2018 e o primeiro semestre de 2019, quando normalmente a elaboração das perguntas é concluída.

O UOL conversou com os professores de geografia e atualidades Claudio Hansen, da plataforma Descomplica, e Augusto Silva, do Anglo Vestibulares, para descobrir quais os prováveis alvos das provas da Unicamp (Universidade de Campinas), da Unesp (Universidade Estadual Paulista) e da Fuvest, processo seletivo da USP (Universidade de São Paulo). Veja a retrospectiva das notícias que podem ser cobradas nos vestibulares.

Meio ambiente

Questões relacionadas ao meio ambiente já são garantidas nas provas. Discussões em torno da saída ou não dos Estados Unidos e do Brasil do Acordo de Paris, por exemplo, podem ser abordadas em questões sobre mudanças climáticas.

Em decisão que havia sido anunciada em 2017, Donald Trump oficializou no início de novembro a saída dos EUA do tratado, que define metas para os países no combate às mudanças climáticas. Já o presidente Jair Bolsonaro (PSL), apesar de ter anunciado a possibilidade de deixar o acordo quando foi eleito, acabou desistindo da ideia.

Outro caso importante é o rompimento da barragem da Vale em Brumadinho (MG), que aconteceu em janeiro deste ano e é um dos maiores desastres com dejetos de mineração já ocorridos no Brasil.

Foram mais de 200 mortos e vazaram 12 milhões de metros cúbicos de rejeitos. As chances de esse tema ser abordado aumentam já que a tragédia é recorrente: em 2015, outro empreendimento com participação da Vale, em Mariana (MG), se rompeu, deixando 19 mortos.

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Lama invadiu casas do bairro Parque da Cachoeira, em Brumadinho
Imagem: Eduardo Anizelli/ Folhapress

Segundo os professores, também há grandes chances de as provas abordarem a intensificação do uso de agrotóxicos nas plantações e seu impacto ambiental. Desde janeiro, o governo Bolsonaro publicou a aprovação de centenas de novos produtos.

Como o setor agropecuário tem muita força na balança comercial brasileira, é possível que esse tema apareça com uma visão mais geral do quadro econômico do país.

Outra questão possível é sobre as queimadas no Brasil, que devastaram grandes áreas da Amazônia e ganharam as manchetes do noticiário. Em 2018, o país já sofria com queimadas no cerrado e no pantanal.

Geopolítica e economia

Uma boa aposta de discussão econômica internacional que pode ser abordada nos próximos vestibulares é a guerra comercial entre Estados Unidos e China.

Em um processo iniciado por Trump para tentar reverter a balança comercial deficitária em relação ao país oriental, há quase dois anos as duas maiores economias do mundo se digladiam. Pela dimensão e importância destes dois países, esse conflito tem impacto na economia do mundo inteiro, que pode desacelerar.

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A guerra comercial entre Estados Unidos e China pode ser tema
Imagem: Andrew Harnik/AP

O agravamento da crise da Venezuela, com o não reconhecimento do novo mandato de Nicolás Maduro como presidente, pode ser um incentivo para que essa situação possa ser cobrada em alguma prova.

Logo no início do ano, mais de 20 países, incluindo o Brasil e os EUA, reconheceram o opositor Juan Guaidó, líder da Assembleia Nacional venezuelana, como presidente do país. Do outro lado, apoiando Maduro, estão Rússia, Cuba, México e China.

Outra questão importante é o Brexit. O movimento de saída do Reino Unido do bloco da União Europeia vem se arrastando desde 2016, quando os britânicos votaram em um referendo.

Na prática, o Brexit já derrubou dois primeiros-ministros (David Cameron, em 2016, que defendia a permanência na UE, e Theresa May, em 2019, que defendia a saída do bloco). O atual líder do Parlamento britânico, Boris Johnson, ainda não conseguiu chegar a um acordo para concretizar o Brexit.

Também vale a pena prestar atenção aos projetos de novos blocos na América. O USMCA, o novo Nafta, é um acordo de livre comércio entre México, Estados Unidos e Canadá já assinado, mas ainda não ratificado.

Já o Prosul (Foro para o Progresso da América do Sul), que teve seu primeiro tratado assinado por Argentina, Brasil, Chile, Colômbia, Equador, Paraguai, Guiana e Peru, se propõe a ser um espaço de diálogo e a substituir a Unasul (União de Nações Sul-Americanas).

No ano passado, a primeira fase do vestibular da Unicamp trouxe uma questão sobre a perseguição aos rohingyas, em Mianmar. Para os professores, isso é um indicativo de que é importante que os candidatos estejam atentos a problemas relativamente "esquecidos".

Bons exemplos são a guerra civil no Iêmen (em que o movimento houti, apoiado pelo Irã, luta contra o regime do Iêmen, apoiado pela Arábia Saudita); as animosidades entre Paquistão e Índia (a respeito do território da Caxemira); e a perseguição do governo chinês aos uigures (etnia de fé muçulmana que vive no país).

Grandes movimentações sociais

Recentemente, as disputas sociais se acirraram na América Latina, provocando protestos em diferentes países. Apesar de estes eventos serem recentes demais para serem abordados nos vestibulares, outras manifestações populares podem aparecer. O Reino Unido, por exemplo, é palco de protestos periódicos a respeito do Brexit antes do referendo de 2016.

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Manisfestantes usando colete amarelo saíram às ruas de Paris em janeiro de 2019
Imagem: Zakaria Abdelkafi/AFP

Os protestos dos "coletes amarelos" (gilet jaunes, em francês), na França, se espalharam pelo país e ganharam repercussão internacional. O estopim das manifestações foi o aumento no preço da gasolina —uma medida do governo francês para desincentivar o uso de combustíveis fósseis— e a pauta logo se ampliou, abarcando uma insatisfação com todo o custo de vida e pressionando o presidente francês, Emmanuel Macron.

Na Espanha, manifestações separatistas e antisseparatistas se alternam nas ruas há vários meses. As disputas ao redor da região da Catalunha (onde fica Barcelona) são antigas e, em 2017, os separatistas perderam um plebiscito que poderia garantir a sua independência.

Além dos protestos, crises migratórias também têm afetado milhares de pessoas em todo o mundo. No Brasil, depois da onda de chegada de haitianos, milhares de venezuelanos atravessaram a fronteira em busca de melhores condições de vida, como consequência das profundas crises econômica e política do governo de Maduro.

Há, ainda, refugiados que fogem de regiões de guerra, como os sírios, e um grande fluxo de populações de países subdesenvolvidos indo para nações com economias melhores, como centro-americanos indo para os Estados Unidos ou africanos e asiáticos migrando para a Europa.