Quer trabalhar com jogos digitais? Veja onde estudar e como está o mercado
Resumo da notícia
- Graduação em jogo digitais traz formação múltipla que vai da programação à arte
- Trabalhar em equipe e comunicar-se bem são habilidades exigidas do profissional
- O desenvolvedor de jogos é o profissional mais bem pago no mercado de jogos digitais
O mercado de videogames chama atenção: em 2018, ele rendeu US$ 119,6 bilhões no mundo todo, segundo a consultoria SuperData, especializada em estudos sobre a indústria. Considerando que smartphones colocam milhares de jogos ao alcance dos nossos dedos e dentro do nosso bolso, não é surpresa que exista aí um grande potencial de profissionalização, que vem abrindo portas para a estruturação de cursos de graduação em jogos digitais.
No Brasil, já são dezenas de cursos superiores em jogos digitais reconhecidos pelo Ministério da Educação (MEC), sendo que a maioria é oferecido por instituições privadas (veja abaixo). Foi em uma delas, a Universidade do Vale do Rio dos Sinos (Unisinos), que Luiz Wendt, programador de jogos no estúdio Aquiris, se formou neste ano. A universidade oferta o curso superior tecnológico nos campi de Porto Alegre e São Leopoldo, ambos no Rio Grande do Sul.
"No final do ensino médio quando estava pensando o que fazer na faculdade me apresentaram o curso de jogos e eu gostei muito do currículo", conta o jovem, acrescentando que o curso da Unisinos é focado em programação. "Muitos professores têm especialização em computação gráfica, então nós aprendemos muito sobre essa área. Porém, o curso apresenta também coisas de game design, de narrativa, de modelagem 3D e aborda todo o processo de desenvolvimento de jogos".
Ainda que no estúdio em que trabalha conviva com pessoas das mais diferentes formações, que foram parar no mundo dos jogos dando uma guinada na carreira, ele explica que, para a sua formação profissional. "Eu provavelmente não estaria trabalhando aqui se não fosse por conta da faculdade de jogos", afirma. Só no Brasil são mais de 50 estúdios desenvolvendo novos jogos, de acordo com a plataforma gamedevmap, que mapeia organizações da área.
Além da formação técnica, na faculdade Wendt aprendeu que, para fazer jogos é preciso saber trabalhar bem em equipe e se comunicar bem com os colegas. "Jogos envolvem muitas áreas, pessoas diferentes que vieram de lugares diferentes, que sabem coisas diferentes. Tem que saber conversar com todo mundo e não ter problema nisso".
Formação multidisciplinar
"Não dá para fazer um jogo sozinho. É preciso ter muitas habilidades e dedicar muito tempo, então a gente trabalha muito em grupo", concorda o coordenador do curso de jogos digitais do Instituto Federal do Rio de Janeiro (IFRJ), Edney Trindade. O IFRJ é a única instituição pública a oferecer o curso em nível superior.
Junto das disciplinas nas áreas de desenvolvimento de jogos, animação gráfica e captação e tratamento de som, o currículo pode incluir, ainda, gestão e empreendedorismo. No IFRJ, ao final de cada semestre, os estudantes fazem um trabalho de conclusão de período, que sempre culmina em um jogo, de acordo com o que foi aprendido até então. "E muitos alunos colocam esses jogos no portfólio, publicam e montam empresas para tentar vendê-los", conta o professor.
"Essa parte de empreendedorismo vai dar subsídios para o aluno pensar fora do computador, olhar o contexto, ter referência, saber se é um jogo saturado no mercado, saber como elaborar o portfólio e como gerenciar a própria carreira", diz Trindade.
Perfil empreendedor
"Estas disciplinas vem no encontro do espírito de ser um desenvolvedor independente, perfil que tem despontado no mercado de jogos mundialmente, responsável por fenômenos como Minecraft, Cuphead, Limbo e outros", aponta o coordenador do bacharelado em Jogos Digitais da Pontifícia Universidade Católica de São Paulo (PUC-SP), Rogério Cardoso dos Santos. "Os desenvolvedores independentes são, acima de tudo, empreendedores, assim é vital que este conhecimento seja dado ainda em sala de aula".
Depois de formados, os profissionais de jogos digitais podem abrir o próprio estúdio de games, trabalhar em grandes nomes dessa indústria, e têm também a possibilidade de usar a sua formação em vários outros mercados. "Há uma forte tendência à gamificação de produtos diversos, como GPS, softwares de treinamento, escolas, etc. Estes, somados aos serious games (jogos com motivações sérias, como simuladores) estão sendo vistos em diversas áreas do conhecimento", conta Santos.
O professor do IFRJ acrescenta que os estudantes aprendem inúmeros conceitos da área de tecnologia da informação, com o diferencial da tela - a interface gráfica entre o usuário e o computador. Isso pode ser usado tanto para melhorar a usabilidade de softwares do cotidiano quanto para desenvolver novas tecnologias. "A área de jogos tem uma capilaridade muito grande. A gente está vivendo uma época de interação que ainda tem muito para crescer. E o que esse aluno tem de muito interessante é fazer uma interação homem/máquina muito atrativa, muito lúdica", diz.
"Esse é um mercado muito promissor, que está em ascensão e que ainda não se descobriu por completo. Tem muitas áreas que esses jovens formados em jogos vão entrar por essa facilidade de fazer humanos conversarem com máquinas", acredita Trindade.
Onde estudar jogos digitais
A criação e desenvolvimento de jogos eletrônicos para computadores, celulares, tablets ou videogames é majoritariamente realizada pelo profissional que estuda Jogos Digitais. Ele é responsável por criar as regras do jogo, os personagens, cenários e animações.
Como opção de curso superior em Jogos Digitais existe o curso tecnológico com duração média de 2 anos e a possibilidade de cursá-lo nas modalidades presencial e a distância. Existe também o bacharelado, com o nome de Design de Games, com duração de 4 anos.
A formação superior une as competências de design e ciência da computação. O estudante é capacitado a construir uma representação gráfica de personagens e cenários, realizar as animações das telas, aprende a utilizar softwares específicos para a construção gráfica, edição de imagens, modelagem de cenários e animação de personagens.
O curso de Jogos Digitais é relativamente recente, mas já existem muitas universidades públicas e privadas reconhecidas pelo MEC que oferecem esta graduação.
Confira algumas das principais faculdades que oferecem o curso de Jogos Digitais:
Universidades Privadas
Universidade Cruzeiro do Sul (UNICSUL)
Universidade Estácio de Sá (UNESA)
Universidade Norte do Paraná (UNOPAR)
Universidade Nove de Julho (UNINOVE)
Pontifícia Universidade Católica de São Paulo (PUCSP)
Universidade do Vale do Rio dos Sinos (UNISINOS)
Universidade Fundação Mineira de Educação e Cultura (FUMEC)
Universidades Públicas
Faculdade de Tecnologia de Americana (FATEC-AM)
Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do Rio de Janeiro (IFRJ)
Faculdade de Tecnologia Professor Antônio Seabra (FATEC LINS)
Carreiras para o profissional formado em jogos digitais
Os profissionais podem atuar nas seguintes áreas:
Desenvolvedor/programador de jogos
É quem escreve os códigos que fazem o jogo funcionar. Este profissional vai definir a velocidade com que o jogo vai rodar, como os personagens se deslocam e também é ele que vai resolver possíveis bugs.
Designer de jogos
É o responsável pela criação do conceito, aparência, mecânica e jogabilidade dos games. É ele quem vai elaborar o projeto do jogo e deve ser capaz de orientar o desenvolvimento, roteirização e como será a experiência do usuário.
Salário médio: R$3.820/mês
Modelador/designer 3D
É o profissional que constrói objetos em três dimensões dentro do ambiente virtual, em softwares específicos para essa tarefa. São eles que trabalham para fazer personagens, objetos e cenários realistas. Ele trabalha em conjunto com animadores, para que estas criações componham movimentos nos jogos.
Programador de jogos
Atua devolvendo instruções lógicas do jogo digital em diferentes plataformas (PC, vídeo game, tablet e celular).
Salário médio: R$ 1.429,29
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