Profissionais de Big Data estão entre os mais procurados pelo mercado
Resumo da notícia
- Os profissionais processam, analisam e interpretam os dados
- Cursos como Estatística, Matemática e Ciência da Computação são boas portas de entrada nesse mercado
- FGV do Rio e PUC-SP têm cursos de graduação focados especificamente em ciência de dados
Das recomendações de filmes e séries da Netflix ao smartwatch que registra as calorias perdidas, o cotidiano está cada vez mais embasado na coleta e aproveitamento de dados. Mas toda essa informação pode ser desperdiçada se não existirem profissionais capacitados para coletá-la, processá-la, analisá-la e interpretá-la. É aí que entram os cientistas e analistas de dados, que estão entre as profissões mais demandadas do mercado, segundo estudo da consultoria internacional de recrutamento Hays.
Apesar do imenso volume de dados que são armazenados diariamente e dos desenvolvimentos tecnológicos que possibilitam o seu rápido processamento, carreiras inteiramente dedicadas ao Big Data ainda são relativamente novas. Como consequência, ano após ano há uma lacuna entre as necessidades das empresas o número de profissionais disponíveis. Nos Estados Unidos, por exemplo, a taxa de desemprego em 2019 ficou nos 3,7% da população, sendo que no mercado de tecnologia da informação o índice não passa de 2%, segundo dados da Hays.
A professora do Instituto de Computação da Universidade Estadual de Campinas (Unicamp) Claudia Bauzer Medeiros, especialista em bancos de dados, diz que o fenômeno do Big Data já mudou o mercado de trabalho, trazendo mais carreiras, novas funções, muitas oportunidades. "A diferença principal é o grande volume de dados e a velocidade com que eles chegam e podem ser tratados", explica.
Exploração de dados
Smartphones, por exemplo, são fontes importantes de dados, que podem ir de imagens à localização física. Os dados que o celular está gerando quando andamos, usamos o GPS, conversamos por mensagem ou fazemos uma ligação estão sendo acumulados e analisados. Com isso é possível tanto ver padrões de consumo quanto qual é o caminho mais fácil e menos engarrafado para ir ao trabalho.
"Em qualquer setor econômico, a exploração adequada de dados de qualidade é valorizada porque traz conhecimento associado. Ter muitos dados, se estes tiverem a qualidade desejada, agrega um valor enorme ao que aquele setor pode fazer", opina a pesquisadora. E isso pode ir desde a elaboração de políticas públicas até o desenvolvimento de novos medicamentos.
Além disso, há negócios totalmente baseados na capacidade de analisar grandes volumes de dados de qualidade. "A carreira do cientista de dados gerou algo que conduz a própria indústria, não é só uma engrenagem na máquina - do Spotify até o carro autônomo. Essas coisas trazem a ciência de dados, Big Data, como fio condutor da ideia", aponta o coordenador do recém-criado curso de graduação em Ciência de Dados da Escola de Matemática Aplicada da Fundação Getúlio Vargas (FGV), Yuri Saporito.
Cursos com o da FGV, no Rio de Janeiro, ou da Pontifícia Universidade Católica de São Paulo (PUC-SP) são alguns dos poucos de graduação focados especificamente em ciência de dados. No entanto, esse não é o único caminho possível para quem deseja seguir nessa área. Cursos que deem uma boa base de raciocínio matemático, como Estatística, Matemática e Ciência da Computação podem ser boas portas de entrada nesse mercado.
Além da formação bem embasada na matemática, o cientista de dados também precisa ter uma visão mais aberta, para saber desenvolver boas perguntas que possam ser respondidas pelos dados. "Essa área não é de formação exclusivamente técnica", diz o gerente da área de dados da escola Tera, focada em cursos de tecnologia da informação, José Borbolla. "Por isso, um bom curso de graduação seria também economia, porque tem um componente de ciências humanas importante, além da estatística aplicada".
"As soft skills são determinantes em um ou uma boa profissional de dados. Se você não tem uma concepção muito clara da natureza do problema, das questões de negócio que você precisa responder, você pode ter a melhor ferramenta e o melhor estatístico do mundo, mas não vai funcionar tão bem", defende Borbolla. "A tecnologia dá poder de processamento para o seu modelo matemático. Se o seu modelo está errado, a tecnologia não vai arrumar."
Como é natural de profissões que nascem apoiadas em avanços tecnológicos, interessados na ciência de dados devem ter em mente que é preciso conseguir ser adaptável a mudanças e não podem ter medo de continuar estudando. Afinal, o potencial é de que surjam ainda outras carreiras ligadas a manipulação de dados que nem conseguimos imaginar agora.
"Poucas indústrias vão ficar como estavam", aposta Saporito. "O que os estudantes precisam é ter uma boa formação básica, serem criativos e estudiosos, e ter ética na manipulação dos dados - coisas que a máquina e a tecnologia não conseguem fazer ou substituir. Dados e inteligência artificial são ferramentas. As ideias de negócios não vêm daí. Se ele treinar suas habilidades e se mantiver atualizado, sem dúvidas vai conseguir se realocar no mercado quando necessário".
Cursos de graduação para quem quer ser um profissional do Big Data
Ciência de dados
Apesar de ser uma área nova, algumas universidades, como a FGV, Anhembi Morumbi e PUC-SP já estão incluindo em seus catálogos cursos de graduação em Ciência de dados. Os currículos integram conceitos de Big Data, inteligência artificial, estatística, programação, matemática e ciências sociais aplicadas para formar profissionais capacitados para lidar com grandes quantidades de dados e transformá-las em conteúdos visualizáveis.
Estatística
O estatístico coleta, analisa e interpreta dados numéricos em relação a fenômenos da sociedade e da natureza. Ele é capacitado para organizar o levantamento destes dados por meio de questionários e levantamentos, além de, na indústria, poder auxiliar no controle de qualidade e vendas. Ele também atua no desenvolvimento de modelos matemáticos para análise de dados.
Ciência da computação
Um profissional da ciência da computação desenvolve softwares (programas para computadores ou outros dispositivos, como smartphones) que vão desde o uso doméstico até grandes corporações, passando também pela academia. Pensando em carreiras com Big Data, ele pode usar a programação para fazer a estruturação e gestão de bancos de dados, análises matemáticas e desenvolver algoritmos, como os de inteligência artificial.
Matemática aplicada
Cursos de matemática aplicada formam profissionais que usam raciocínio lógico e técnicas da matemática, física, estatística e computação em diversos ramos, da informática ao mercado financeiro. O objetivo é encontrar soluções matemáticas para problemas da sociedade, atuando em posições estratégicas do setor privado e da academia. Além disso, também pode usar a modelagem matemática também para construir simulações que antevejam e previnam problemas de produtos.
Economia
Economistas estudam a história, a produção e a distribuição de bens e serviços na sociedade. Podem atuar em escalas macro, analisando questões nacionais ou mundiais, por exemplo, ou micro, em empresas. Aliam conhecimentos em ciências sociais aos das ciências exatas para fazer relatórios e projeções para o futuro, podendo atuar no desenvolvimento de políticas públicas e planejamentos financeiros.
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