Em SP, Weintraub alfineta gestão Doria e defende escolas cívico-militares
Em um evento hoje em São Paulo, o ministro da Educação, Abraham Weintraub, defendeu o modelo das escolas cívico-militares e fez críticas indiretas ao governador João Doria (PSDB). O tucano foi um dos 11 governadores que não aderiram ao projeto, lançado no ano passado pelo presidente Jair Bolsonaro (sem partido).
"A maior parte dos paulistas quer ter uma família, quer ter uma casa. Quer ter um carro. Ele [cidadão paulista] gostaria muito que o filho estudasse em uma escola cívico-militar", disse o ministro ao participar de uma cerimônia de entrega de 120 ônibus escolares para 115 municípios de São Paulo. Os veículos foram comprados em 2018, ainda na gestão de Michel Temer (MDB), e efetivamente pagos em 2019.
Weintraub afirmou ainda que, nas escolas cívico-militares, o rendimento dos alunos é "mais alto". No entanto, não existem estudos que comprovem se o desempenho de estudantes de escolas desse tipo é de fato superior. "Por que a gente quer escola cívico-militar? Porque a gente quer o melhor para a nossa família", declarou.
Minutos antes, o secretário estadual de educação, Rossieli Soares, havia afirmado que a aprendizagem é o que mais importa na educação.
"A gente fica discutindo um monte de coisa. Mas o que importa é que as crianças aprendam. Aprendam matemática, aprendam língua portuguesa", disse.
Doria não compareceu ao evento. Parlamentares próximos ao presidente Jair Bolsonaro, por outro lado, estavam presentes. Entre eles, a deputada Carla Zambelli (PSL-SP) e o filho do presidente, Eduardo Bolsonaro (PSL-SP), que se sentou ao lado do ministro, fez elogios a ele e criticou o que chamou de "ativismo judicial" para tirá-lo do cargo.
Há cerca de duas semanas, deputados e senadores protocolaram um pedido de impeachment de Weintraub no STF (Supremo Tribunal Federal).
"Sou fã [de Weintraub], sigo no Twitter, tem meu melhor apoio", disse Eduardo. "O mundo não é como imaginam alguns deputados em Brasília, que insistem em tentar derrubar o ministro", declarou o deputado, que também chamou o evento de "festa dos pagadores de impostos".
Os impostos também foram tema do discurso de Weintraub, que tem uma fala recorrente de bom uso do dinheiro do contribuinte. Ao final de seu discurso no evento, o ministro afirmou que "o dinheiro suado dos nossos impostos não está indo pelo ralo, para Cuba ou para a Suíça".
Tem gente me defendendo, diz Weintraub
Weintraub fez um discurso em defesa da direita e da família. Segundo o ministro, é preciso investir no modelo de escolas cívico-militares para que a próxima geração "inteirinha" possa ter um ofício e então "ser classe média". Assim, segundo ele, seriam "exceção" os pobres e as pessoas "muito ricas".
Após afirmar que faz parte de um "movimento" que "briga pela próxima geração", Weintraub declarou que seu desejo é encontrar, no futuro, seus filhos e netos com ofício e renda, "sem baile funk na rua deles" e "sem maconheiro na escola". "Bolsonaro representa isso", disse.
A uma plateia repleta de prefeitos de cidades paulistas, Weintraub declarou: "Se você acredita nisso, vou contar um segredo para você. Você é de direita".
Se você quer escola cívico-militar, você é de direita. E 80% das famílias do estado de SP são de direita, só que eles não sabem disso
Abraham Weintraub, ministro da Educação
"O presidente Bolsonaro veio aqui para falar e despertar o Brasil. E o estado de São Paulo vai garantir esse processo", completou.
Weintraub ainda minimizou os rumores de que pode ser destituído do cargo. Ao lado dos parlamentares da ala bolsonarista e do filho do presidente, declarou: "tem um monte de gente me defendendo aqui e um monte de gente me defendendo na internet". Weintraub e Eduardo Bolsonaro conversaram ao pé do ouvido durante boa parte da cerimônia.
Lançado por Bolsonaro em setembro do ano passado, o programa nacional das escolas cívico-militares é de adesão voluntária por estados e municípios. São Paulo, Rio de Janeiro e oito estados do Nordeste rejeitaram a proposta.
Só em 2020, há previsão de investimento em R$ 54 milhões para a implementação do projeto das escolas cívico-militares, mas não há definição, até o momento, de todas as unidades que farão parte do modelo. As escolas que aderirem ao programa não terão processo seletivo para ingresso dos alunos.
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