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Presidente do Inep admite adiar data do Enem, mas vê debate 'prematuro'

O ministro da Educação, Abraham Weintraub, e o presidente do Inep, Alexandre Lopes - Luis Fortes/MEC
O ministro da Educação, Abraham Weintraub, e o presidente do Inep, Alexandre Lopes Imagem: Luis Fortes/MEC

Do UOL, em São Paulo

19/05/2020 11h03

O presidente do Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira (Inep), Alexandre Lopes, admitiu em entrevista que adiar o Enem (Exame Nacional do Ensino Médio) é uma possibilidade, devido à pandemia do novo coronavírus, mas que o objetivo da autarquia e do governo em suas falas e campanhas é de manter sua realização e garantir a entrada de novos alunos nas universidades em 2021. Segundo Lopes, o debate sobre datas é "prematuro": "Na frente a gente vai olhar isso".

As provas impressas estão programadas para serem aplicadas em 1º e 8 de novembro e as digitais estão previstas para os dias 22 e 29 de novembro. No entanto, com quarentenas pelo país e disparidades entre quem consegue ou não ter acesso a ensino à distância, a realização ou não do exame virou motivo de debate. O presidente Jair Bolsonaro (sem partido) defende que o Enem seja realizado ainda em 2020.

No podcast Mamilos, Alexandre foi questionado sobre a possibilidade de adiamento. "O Enem pode ser adiado, nós temos falado isso tem bastante tempo. Mas, falar sobre adiamento é prematuro. Agora não é o momento de discutir o adiamento da prova. Agora é o momento de garantir as etapas necessárias para que a gente possa fazer um Enem. A data pode ser adiada, mas entendemos que essa discussão é prematura", disse ele.

Segundo Lopes, as campanhas publicitárias do Enem que dão como certa a data da realização são para passar segurança da realização do exame.

"O importante é transmitir essa segurança para as pessoas do que vai ter. Acho que é um estímulo. O importante não é só a campanha, é o conjunto das mensagens e vídeos, entrevistas que temos dado, no sentido de garantir essa política. A politização do Enem gera uma grande perturbação para o próprio participante", criticou ele.

"É importante passar para o jovem, que está sem aula, que vai ter Enem. É para esses 5 milhões de inscritos de cada ano, e dizer 'olha, vai ter Enem, você vai poder fazer o Enem e vai poder utilizar as políticas públicas de Sisu, ProUni e Fies'. E para isso você mobilizar e dar esperança para o jovem que está em casa de que o sonho de fazer o Enem não acabou", afirmou o presidente do Inep.

Em sua fala Alexandre Lopes falou em dar "concretude ao Enem" dando uma data específica para ele. Mas admitiu rever a data: "Na frente a gente vai olhar isso".

"A gente marca uma data para dar essa concretude, para mostrar que vai ter o Enem para acesso às instituições de ensino superior em 2021 e começar a trabalhar as etapas para a execução do Enem. Então, mais à frente é que podemos sentar, quando as coisas estiverem mais claras, quando soubermos como foi a volta às aulas do ensino médio, quando tiver mais certeza de quando serão as datas do ensino superior em 2021, a perspectiva das universidades. Aí sim, aí acho que é o momento de sentar e ter uma discussão sobre a data da prova", completou.

Tempo e desigualdade

Lopes afirmou que é preciso analisar se apenas uma mudança de data é suficiente para eliminar as desigualdades causadas pela pandemia.

"O primeiro ponto é que ele possa ser aplicado em uma data em que ele possa ser utilizado na entrada para as instituições de ensino superior de 2021. O segundo, é ampliar esse debate. A pergunta que faço é: a variável tempo é a única responsável pela desigualdade? Ou seja, o adiamento da prova é elemento suficiente para combater essa desigualdade por conta do coronavírus? Não sei se tempo é a variável suficiente. Pode ser, também. Por isso a questão do adiamento está posta", opinou ele.

3 milhões de inscritos

O Enem 2020 já alcançou 3 milhões de inscrições, segundo balanço divulgado pelo Inep. Estudantes podem se inscrever até o dia 22 de maio, por meio da página do Enem na internet.

A versão digital das provas tem 99,6 mil inscritos, e as vagas para essa modalidade do exame estão praticamente esgotadas (das 101,1 mil disponibilizadas). Já o Enem impresso recebeu 2,9 milhões de inscrições desde a abertura do sistema até segunda-feira (11).

O participante que optar por fazer o Enem impresso não poderá se inscrever na edição digital e, após concluir o processo, não poderá alterar sua opção.