UNE critica Decotelli e diz que MEC foi entregue a mercado financeiro
O presidente da UNE (União Nacional dos Estudantes), Iago Montalvão, criticou a indicação de Carlos Decotelli ao cargo de novo ministro da Educação, feita pelo presidente Jair Bolsonaro (sem partido) na tarde de hoje. Ele assume o lugar de Abraham Weintraub, que deixou a pasta na semana passada.
Montalvão disse que Decotelli não teria nenhuma experiência ou proximidade com a Educação e afirmou ainda que, com isso, Bolsonaro estaria entregando o ministério ao mercado financeiro.
"O novo Ministro da Educação não tem praticamente nenhuma experiência ou proximidade com a educação, a não ser ter sido presidente do FNDE há alguns meses atrás, em que é acusado de ter gastos abusivos com viagens. Bolsonaro entrega o MEC ao mercado financeiro", escreveu ele nas redes sociais. O post foi reproduzido pela UNE.
O militar da reserva da Marinha e especialista em finanças Carlos Alberto Decotelli é o novo ministro da Educação do governo Jair Bolsonaro (sem partido). O anúncio foi feito hoje pelo presidente em sua página no Facebook. Ele assumirá a vaga deixada por Abraham Weintraub, que pediu demissão na semana passada.
Na condição de oficial da Marinha, Decotelli é tido como uma nomeação de confiança do núcleo militar do governo. Ao mesmo tempo, é alinhado com o presidente da República em questões ideológicas e se mostra "fiel aos conceitos de guerra cultural", o que pode agradar aos "olavistas" (ala de adeptos do ideólogo Olavo de Carvalho).
O novo ministro será o responsável por fazer "a conexão da academia" com a gestão que os militares constataram que faltava na gestão Weintraub. Apesar de estar alinhado com as perspectivas ideológicas do governo, Decotelli não é vinculado diretamente aos olavistas.
O financista é bacharel em Ciências Econômicas pela Uerj (Universidade do Estado do Rio de Janeiro), mestre pela FGV (Fundação Getúlio Vargas), doutor pela Universidade de Rosário (Argentina) e tem pós-doutorado pela Universidade de Wuppertal (Alemanha).
Entre fevereiro e agosto de 2019, ele atuou como presidente do FNDE (Fundo Nacional de Desenvolvimento da Educação). Antes disso, trabalhou junto à equipe de transição do governo, formada após a vitória de Bolsonaro na eleição de 2018.
Decotelli assume um ministério enfraquecido politicamente pelas polêmicas relacionadas a Weintraub. O ex-ministro caiu depois de provocar a irritação de vários setores em virtude de declarações controversas e ataques a adversários do presidente e outras nações —como a China, principal parceria comercial do Brasil.
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