Decotelli nega plágio no mestrado, explica doutorado e diz: 'Sou ministro'
O ministro da Educação, Carlos Alberto Decotelli, negou hoje as acusações de plágio sobre sua dissertação de mestrado, explicou por que se apresentou como doutor — ainda que não tenha adquirido o título na Universidade de Rosário, na Argentina, como alegou — e confirmou que segue à frente do MEC, mesmo depois dos questionamentos sobre seu currículo.
As declarações foram feitas após reunião com o presidente Jair Bolsonaro (sem partido). Mais cedo, o Palácio do Planalto anunciou que a posse de Decotelli, inicialmente marcada para amanhã, às 16h, foi adiada e ainda não tem data para acontecer.
O ministro argumentou que, por ter "desenhado" o Banrisul e ter feito seu mestrado com base em sua vivência no banco, é possível que tenha havido uma "distração" no desenvolvimento da dissertação, mas não um plágio propriamente dito. Ele lembrou que, na época, não havia tantos mecanismos quanto hoje para verificar esse tipo de problema.
"Quando você escreve, tem que ter disciplina mental para escrever, revisar e mencionar o que citar. Cuidado. É possível haver distração? Sim, senhora. Hoje, a senhora tem mecanismos para verificar, [tem] softwares. Mas naquela época, pela distração... Não houve plágio, porque o plágio é quando faz 'Control + C, Control + V', e não foi isso", justificou ele em entrevista a jornalistas.
Quanto ao doutorado, Decotelli disse ter cursado todos os créditos do curso na Universidade de Rosário e até recebido um certificado de conclusão. Sua tese, porém, foi reprovada, e a banca que a analisou lhe pediu que fizesse "readequações" no trabalho. Só que o ministro precisou voltar ao Brasil por conta de "dificuldades financeiras" — e nunca mais voltou para apresentar a tese corrigida.
"A banca falou que a tese tinha um ponto de corte muito longo e me mandou fazer readequações. Essa foi a recomendação formal da banca. [Mas] Eu precisava voltar ao Brasil, porque toda a despesa foi pessoal, não havia bolsa. Com dificuldade, não mais voltei. [Mas] Eu fiquei com o diploma de créditos concluídos, posso disponibilizar a vocês", disse Decotelli.
Ele se referiu à ausência do título de doutor como um "detalhe operacional", uma vez que, pelas leis argentinas, não foi feita a defesa a uma banca, como de costume. "[Mas] O curso de pós-graduação, com todas as notas, disciplinas concluídas, aprovadas, frequência, caderneta, toda a estrutura da secretaria da Universidade de Rosário, estão nos papéis disponíveis", reforçou.
'Sou ministro'
Decotelli também confirmou que segue à frente do Ministério da Educação, mesmo após tantos questionamentos relacionados ao seu currículo.
"Sou ministro, tenho trabalhos agora e vou tentar corrigir trabalhos de Enem [Exame Nacional do Ensino Médio], Sisu [Sistema de Selação Unificada]. Não tem nenhum arrependimento. São correções em relação a textos", explicou.
Pós-doutorado também foi contestado
Sobre o pós-doutorado, que hoje foi questionado pela Universidade de Wuppertal, na Alemanha, o ministro da Educação usou uma justificativa semelhante à relativa ao doutorado. Decotelli argumentou que a pesquisa foi concluída — só não foi oficialmente considerada um pós-doutorado.
Ele relatou ter consultado a Krone, uma empresa na Alemanha com base no Brasil, que lhe ofereceu apoio para a realização dessa pesquisa voltada ao agronegócio. A única contrapartida é que Decotelli deveria ir até a Alemanha e precisaria de uma universidade para orientar seu trabalho — o que ele afirma ter acontecido.
"A pesquisa foi concluída? Foi. A estrutura da pesquisa, do pós-doutorado... Não tem sala de aula, não tem nota de uma disciplina, é uma orientação. Foi caracterizado que, quando foi concluído o trabalho, a pesquisa tinha que ser registrada em um cartório acadêmico. E você tem a pesquisa lá, registrada [no cartório]. Agora, o pós-doutorado é um título de pesquisa. Se você olhar o documento de Rosário, vai ver que os créditos foram concluídos", comparou.
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