Topo

Esse conteúdo é antigo

Crise da covid-19 pode privar 10 milhões de crianças de escola, alerta ONG

Criança em escola improvisada após onda de violência em Bangui, capital da República Centro-Africana - Issouf Sanogo/AFP
Criança em escola improvisada após onda de violência em Bangui, capital da República Centro-Africana Imagem: Issouf Sanogo/AFP

Da RFI

13/07/2020 13h09

As consequências econômicas da crise do coronavírus podem levar cerca de 10 milhões de crianças no mundo a não voltar à escola após a quarentena. O alerta foi feito hoje pela ONG britânica Save the Children.

Segundo o estudo da Save The Children, 1,6 bilhão de alunos tiveram que abandonar as aulas em escolas ou universidades por causa da pandemia. "Pela primeira vez na história da humanidade, uma geração inteira de crianças viu seu ritmo escolar alterado", destacou a ONG em seu relatório.

A organização pede a governos e doadores ações para enfrentar o que chamou de "urgência educacional mundial". Ela calcula que até 9,7 milhões de alunos podem abandonar a escola para sempre até o fim do ano. Antes da pandemia, 258 milhões de crianças e adolescentes já estavam fora do sistema educacional.

Sem essas ações emergenciais, as desigualdades existentes hoje "vão aumentar entre ricos e pobres, e entre meninos e meninas", declarou em um comunicado Inger Ashing, diretora-geral da Save the Children. O risco da evasão escolar, em especial das meninas, é maior em 12 países, principalmente no centro e no oeste da África, assim como no Iêmen e no Afeganistão.

Suspensão do pagamento de dívida

A organização pede aos credores internacionais que suspendam o pagamento da dívida de países pobres. A medida poderia desbloquear US$ 14 bilhões para serem investidos em educação. "É inadmissível que fundos necessários para manter viva a esperança que propicia a educação sejam utilizados para pagar dívidas", denunciou Inger Ashing.

Segundo ela, se "deixarmos essa crise de educação se desenvolver, o impacto sobre as crianças será duradouro". Lembrando o objetivo fixado pela ONU, a diretora-geral ressaltou que "a promessa feita de que todas as crianças do mundo terão acesso à educação até 2030 ficará comprometida por vários anos".

Em um cenário mais positivo, a Save The Children estima em US$ 77 bilhões a queda das verbas destinadas à educação nos países mais pobres, nos próximos 18 meses. Mas a situação pode ser muito pior se os governos optarem por investir todos os fundos em outros setores impactados diretamente pela pandemia da Covid-19. Neste caso, o recuo dos investimentos em educação pode atingir US$ 192 bilhões.