Denúncias no Inep deveriam ser 'escândalo sem precedentes', diz Sakamoto
Em participação no UOL News, o colunista Leonardo Sakamoto falou sobre a investigação aberta pelo TCU (Tribunal de Contas da União) para apurar as denúncias feitas por servidores do Inep (Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira) sobre supostas interferências na elaboração da prova.
Na avaliação de Sakamoto, os ex-funcionários do órgão responsável pelo Enem (Exame Nacional do Ensino Médio) fizeram certo ao trazer à sociedade tentativas de intervenção do governo federal.
"Temos hoje milhões de pessoas que estão indo fazer um exame com a percepção de que o governo do país está mexendo na prova para deixá-la mais de acordo com o que eles acreditam", disse Sakamoto. "Isso tem que ser investigado, não apenas pelo TCU, como também pela Justiça."
"Em qualquer outro país do mundo, isso seria um escândalo sem precedentes, porque uma prova como essa é utilizada para a seleção desses estudantes pro ensino superior. Isso é sério", completou o jornalista.
Sakamoto também disse que o próprio presidente Jair Bolsonaro (sem partido) teria reconhecido envolvimento com o Enem 2021 ao dizer que a prova está ficando com "a cara do governo".
"É um escândalo essa frase. É ele reconhecendo publicamente que está 'ficando com a cara [do governo]' porque está botando a mão dele no meio", destacou.
Entre as denúncias, o colunista citou que Bolsonaro teria pedido ao ministro da Educação, Milton Ribeiro, que o termo "golpe de 1964" fosse trocado por "revolução" para se referir ao período de ditadura militar no Enem.
"Daqui o pouco o presidente vai fazer o quê? Pedir para trocar pandemia por gripezinha? Fome por dieta? Inflação alta para 'aumentinho' de preços?", questionou.
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