Lula promete R$ 5,5 bi a universidades e pede 'coragem para acabar a greve'

O Ministério da Educação anunciou hoje o destino de R$ 5,5 bilhões em investimentos do Novo PAC para melhoria de universidades e institutos federais e o presidente Lula (PT) pediu o fim da greve das instituições, que já dura desde abril.

O que aconteceu?

O montante é uma soma de investimentos novos com outros anunciados previamente. Até 2026, serão R$ 3,17 bilhões para melhorias nas universidades, entre obras novas e retomadas; R$ 600 milhões para expansão de 10 novos campi; e R$ 1,75 bilhão para construção e reformas de hospitais universitários.

O anúncio foi feito pelo ministro da Educação, Camilo Santana, em encontro com o presidente e reitores no Planalto. Em sua fala, Lula reconheceu a legitimidade da greve, mas reclamou da duração.

Se analisarem o conjunto da obra, vão perceber que não há razão para [a greve] durar como está durando (...) Eu sou um dirigente sindical que nasceu no 'tudo ou nada'. Para, mim era o seguinte: é 100% ou é nada, é 100% ou é nada. Ou é 83% ou é nada, ou é 45% ou é nada. E muitas vezes eu fiquei com nada.
presidente Lula

Não é por 3%, 2% ou 4% que a gente fica a vida inteira em greve. Vamos ver os outros benefícios. Vocês já têm noção do que foi oferecido? Vocês conhecem o que foi oferecido? Vocês conhecem? Porque no Brasil está cheio de dirigente sindical que é corajoso para decretar uma greve, mas não tem coragem de acabar com a greve.
presidente Lula

Greve desde abril

Os servidores estão em greve há quase dois meses. Professores e funcionários técnico-administrativos das universidades e institutos federais pleiteiam aumento salarial e reestruturação do plano de carreira.

Márcia Abrahão Moura, reitora da UnB (Universidade de Brasília), fez um apelo a Lula durante o evento. "São trabalhadoras e trabalhadores essenciais para darmos conta de todos os desafios do país e que possuem remunerações muito defasadas, como o senhor bem sabe. Ainda mais quando comparamos com algumas carreiras que tiveram reajuste recentemente. Tem técnicos-administrativos que chegam a ganhar menos do que um salário mínimo", disse.

Os sindicatos protestaram na frente do Planalto durante o evento. Enquanto o ministro da Educação falava, era possível ouvir os gritos dos servidores na Praça dos Três Poderes. Cerca de 50 pessoas se reuniram pela manhã, com faixas endereçadas aos reitores.

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Negociação

Uma nova rodada de negociações com técnicos-administrativos está marcada para amanhã (11). Os docentes pleiteiam aumento salarial de 22%, dividido em três anos (7,06% em cada um, começando em 2024), ao passo que os servidores técnicos-administrativos em educação, que já chegaram a falar em mais de 100% de reajuste, fizeram a última contraposta com aumento de 4% em 2024, 9% em 2025 e 9% em 2026.

O governo oferece 9% de reajuste para 2025 e 3,5% em 2026, mas sem aumento previsto para este ano. Por ora, a proposta sem reajuste imediato não tem agradado os grevistas.

"O orçamento não é só o custeio, é tudo que entra no MEC", justificou Camilo, citando o aumento de 9% dado aos professores no ano passado. "Acho que a greve é quando não há mais diálogo, condições de debater, reunir."

Grevistas das universidades e dos institutos federais protestam em frente ao Palácio do Planalto
Grevistas das universidades e dos institutos federais protestam em frente ao Palácio do Planalto Imagem: Lucas Borges Teixeira/UOL

Errata:

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  • A última contraproposta apresentada pela Fasubra, representante nacional dos técnicos-administrativos da educação, foi de 4% em 2024, 9% em 2025 e 9% em 2026, e não de 177%, como dizia o texto. A informação foi corrigida.

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