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Enem 2022 teve 26,7% de abstenção; número de inscritos foi o 2º menor desde 2005

13.nov.2022 - Candidatos chegam à unidade Vergueiro do Colégio Objetivo, para o primeiro dia de prova do Exame Nacional do Ensino Médio (ENEM) 2022, no início da tarde deste domingo (13), em São Paulo. Os candidatos terão até cinco horas e meia para responder às questões das provas de linguagens e ciências humanas e fazer a redação - Isaac Fontana/Estadão Conteúdo
13.nov.2022 - Candidatos chegam à unidade Vergueiro do Colégio Objetivo, para o primeiro dia de prova do Exame Nacional do Ensino Médio (ENEM) 2022, no início da tarde deste domingo (13), em São Paulo. Os candidatos terão até cinco horas e meia para responder às questões das provas de linguagens e ciências humanas e fazer a redação Imagem: Isaac Fontana/Estadão Conteúdo

Giovanna Castro

São Paulo

14/11/2022 13h54Atualizada em 14/11/2022 13h54

O primeiro dia de prova do Exame Nacional do Ensino Médio (Enem) 2022 aconteceu no domingo, 13, e teve 26,7% de abstenção. Segundo o Ministério da Educação (MEC), dos 3,4 milhões de inscritos, 2.490.880 fizeram a prova - 2.458.504 no modo impresso e 32.376 online. O Estado com menor índice de presença foi o Amazonas, onde 56,8% dos inscritos realizaram o exame. Em São Paulo, 73,9% dos inscritos compareceram à prova.

Os dados de 2022 relativos à presença ainda são preliminares, aponta o MEC, já que números conclusivos dependem da apuração definitiva do consórcio aplicador da prova. Porém, o número de inscritos já indica que este foi o segundo menor Enem desde 2005, quando 3.004.491 pessoas se inscreveram. Em 2021, o número foi ainda menor: 3.109.762 de inscritos.

O maior Enem de todos os tempos aconteceu em 2014, com 8.722.290 inscritos. O exame foi criado em 1998 como um método de avaliação nacional do Ensino Médio, mas se popularizou a partir de 2010, quando foi criado o Sistema de Seleção Unificada (SiSU) para universidades públicas brasileiras.

Antes disso, também foram criados o Fundo de Financiamento Estudantil (Fies), em 1999, e o Programa Universidade Para Todos (ProUni), em 2004.

Provas e gabarito. Os candidatos que compareceram ao exame neste domingo tiveram que responder 45 questões de linguagens e 45 de Ciências Humanas, além de produzir uma redação.

Muitas das questões abordaram temas sociais, como racismo, violência contra a mulher, direito à moradia e desigualdade social. O período de ditadura militar brasileiro, no entanto, que historicamente caía no exame, não foi abordado.

O tema da dissertação foi "Desafios para a valorização de comunidades e povos tradicionais no Brasil". Além disso, mais algumas questões trataram de povos indígenas, desmatamento e meio ambiente. Professores de cursinhos elogiaram a criticidade e a atualidade do conteúdo.

No próximo domingo, 20, acontecerá a segunda parte do exame, com uma prova com questões de Ciências da Natureza e Matemática.

Os gabaritos oficiais serão divulgados pelo Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira (Inep) até o dia 23 deste mês, conforme previsto em edital. Enquanto isso, alguns cursinhos particulares já divulgaram gabaritos extraoficiais.

Autonomia e atualidade do Enem. As questões deste domingo mostram um Enem que segue sua tradição histórica, de valorizar pautas sociais, de direitos humanos e sustentabilidade.

Para Giba Alvarez, diretor do Cursinho da Poli, o Enem "não levou em conta toda essa questão da polarização política" e se conectou ao que deve ser o ensino médio. "Não olhou para trás, olha para o futuro", afirma.

Outro ponto positivo, acrescenta, é que a prova teve várias questões novas, a exemplo do item que cita Rayssa Leal, skatista que ganhou relevância no esporte no último ano. "Estávamos muito preocupados de haver poucas questões no banco (de itens do Inep, para a elaboração do exame)", continua. "Essa atualização (de questões) veio, e de forma positiva."

O professor da Faculdade de Educação da Universidade de São Paulo (USP) e especialista em avaliação educacional Ocimar Alavarse, porém, diz que a prova deste domingo diz que é importante que o Inep renove o banco de questões do exame.

Segundo ele, uma parte dos itens usados não passou por pré-teste, o que dificulta a calibragem da distribuição de questões fáceis, médias e difíceis, o que ajuda a definir a nota. "Esse problema do banco de itens vai ser um aspecto crítico para o Enem de 2023, e não é tão fácil de corrigir", destaca.