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Cremesp: não haverá punição para alunos que boicotaram exame obrigatório de medicina

Estudantes que protestam contra exame obrigatório do Cremesp (conselho Regional de Medicina) em Campinas entregam banana para o delegado do Cremesp Jorge Cury. Quase 3.000 fazem prova na manhã deste domingo - Ricardo Lima/UOL
Estudantes que protestam contra exame obrigatório do Cremesp (conselho Regional de Medicina) em Campinas entregam banana para o delegado do Cremesp Jorge Cury. Quase 3.000 fazem prova na manhã deste domingo Imagem: Ricardo Lima/UOL

Caue Nunes

Do UOL, em Campinas

11/11/2012 13h05

A direção do Cremesp (Conselho Regional de Medicina do Estado de São Paulo) garantiu que não haverá punição para os alunos que aderiram ao protesto contra o exame realizado neste domingo (11).

De acordo com a diretora das delegacias do interior e coordenadora da delegacia de Campinas, Denise Barbosa, os alunos que preencheram a prova toda com a alternativa “B” não serão considerados nulos. “Além disso, os dados não serão divulgados e não sairá nenhum tipo de ranking com a classificação das escolas”, disse.

Barbosa ressaltou que os dados servirão apenas para a categoria avaliar a qualidade do ensino, sem que haja consequências para as pessoas que fizeram o exame. Ao ser questionada sobre a obrigatoriedade da avaliação, Barbosa disse que o exame é aplicado desde 2005 de forma optativa, mas a cada ano a quantidade de alunos inscritos vinha diminuindo. “Fica difícil obter resultados confiáveis se as pessoas não participam”, afirmou.

Em Campinas, o exame deste domingo teve 289 inscritos, com 7 abstenções. Segundo Barbosa, o número de faltantes está dentro do previsto. “Antes do início da prova, os delegados do Cremesp passaram em todas as salas e explicaram aos alunos que não haveria punição para quem aderiu ao boicote. A obrigatoriedade está em responder as alternativas do caderno de respostas”, disse .

Exame

Alguns alunos usaram o caderno de perguntas para deixar recados ao Cremesp, como o formando da Unicamp (Universidade Estadual de Campinas), Fabrício Donizete Costa, um dos líderes do protesto em Campinas. “Escrevi que estamos abertos ao diálogo e que queremos participar do processo de construção da avaliação”, falou.

Os alunos que aderiram ao boicote saíram após o tempo mínimo de permanência (uma hora) e foram recebidos com gritos pelos estudantes que permaneceram do lado de fora. Os organizadores do protesto distribuíram bananas para quem saía da prova. “É uma brincadeira distribuir coisas que comecem com a letra B e também para mostrar que educação não é banana”, disse Costa.

Expectativa

A organização do boicote ao exame do Cremesp espera a adesão de mais de cem alunos. Segundo o aluno da Unicamp (Universidade Estadual de Campinas), André Citroni, os alunos estão mobilizados e a meta é que os 110 alunos da universidade participem do protesto. “Mas só saberemos isso quando sair o resultado do exame”, explica.

De acordo com Fabrício Donizete Costa, “a obrigatoriedade da prova coíbe a criação de uma oposição que possa dialogar, muitos alunos que estavam indecisos podem fazer a prova somente porque estão com medo que o boicote possa prejudicar suas carreiras”, disse Costa. 

Para Citroni, esse tipo de prova pode criar as “escolas cursinhos” que são cursos focados em fazer o aluno passar no exame. “Isso não garante que esse aluno será um bom médico, o exercício da profissão depende de muitas outras questões que não são abordadas pelo exame do Cremesp”, falou.