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Universitário monarquista recusa-se a fazer trabalho sobre Marx em SC

O universitário João Victor Gasparino recusou-se a fazer trabalho sobre Marx - Reprodução Facebook
O universitário João Victor Gasparino recusou-se a fazer trabalho sobre Marx Imagem: Reprodução Facebook

Renan Antunes de Oliveira

Do UOL, em Florianópolis

04/10/2013 13h12

O universitário catarinense João Victor Gasparino, 22, obteve notoriedade instantânea na internet com sua recusa em cumprir uma tarefa escolar sobre Karl Marx. Disse que os pais o apoiaram. Ele se define: "Sou direita até a medula, monarquista e budista".

Gasparino não só não fez a tarefa, como ainda divulgou na web uma carta criticando o marxismo, na segunda (30).

Ele reclama de "pressões que pensadores de direita e liberais sofrem nas universidades brasileiras, onde professores de esquerda tentam doutrinar alunos nesta ideologia nefasta".

O estudante se justificou com o professor da cadeira de Teoria Política que propôs o trabalho, Walter Barbieri, da 3ª fase do curso de relações internacionais da Univali (Universidade do Vale do Itajaí): "Eu  repudio Marx e tudo o que ele representa na história da humanidade".

Gasparino disse que "hoje os pensadores de direita são sufocados pelo patrulhamento da esquerda. Eu não me intimidei e quis protestar". 

O professor Barbieri foi contatado quinta-feira (3) para esta reportagem. Ele não quis comentar se aceitará a recusa ou se dará outro tema ao aluno rebelde. Gasparino não se importa: "Se precisar, faço recuperação".

A carta saiu no blog do economista Rodrigo Constantino. Obteve 37 mil curtidas no primeiro dia. No Facebook, agitou os meios acadêmicos pró e contra. A internauta Simone Mendes, colega de Gasparino, postou no FB dele um resumo irônico do bafão: "Meu reacionário preferido. Os 'comuna' pira".

  • Reprodução Facebook

    João Victor Gasparino faz o curso de relações internacionais 

O estudante disse que escreveu o texto "num estalo, cansado com tudo que acontece no Brasil". Ele sustenta que "a epidemia de drogas, a criminalidade e o desrespeito aos mais velhos são sintomas de uma revolução de inspiração marxista em curso". Confira a carta.

Filho único

Gasparino nasceu em Floripa, filho único de um bem-sucedido empresário da construção civil e de uma designer de moda. "Meu pai ficou orgulhoso com a repercussão que obtive. Ele disse que se arrepende de não ter feito a mesma coisa 20 anos atrás. Minha mãe também me deu apoio. Ela está começando um negócio e tenho certeza que vai brilhar tanto quanto eu".

"Sou de direita com muito orgulho. E monarquista. É o melhor sistema político que o Brasil teve desde a Independência", considera.

Ele mora sozinho num apê de frente para o mar na praia de Camboriú (80 km de Florianópolis). Não trabalha. É sócio de uma empresa iniciante que oferece cursos virtuais: "O negócio é bom, mas ainda não está rendendo". Veste casual e pilota uma camionete Tucson.

Sagitariano, branco, 1m85 para 80kg, ele posta no seu Facebook várias cenas de baladas no eixo Floripa-Camboriú, cercado de garotas. Amigas o descrevem como "do bem", "discreto", "respeitador" e que "não é do tipo fazido".

Gasparino fez o 2º grau no tradicional Colégio Catarinense, da elite do Estado, mantido por padres jesuítas. "Lá, me tornei budista. Gostei da religião, fui lendo, me aprofundei. Entendi que Buda é um profeta assim como Jesus Cristo".

Ele é faixa amarela de kung fu. Gosta de armas. Sua página ostenta o símbolo da NRA, a organização americana que defende o direito de todo cidadão de lá andar armado. Em fotos, aparece fantasiado com amigos e travam combates de capa e espada, em cenários que imitam castelos.