Após greve de alunos, USP propõe reformular 'estatuto da ditadura'
A USP (Universidade de São Paulo) vai reelaborar o estatuto da instituição na primeira quinzena de maio de 2014, com a ajuda da comunidade acadêmica - alunos, professores e funcionários. É o que determina uma nova proposta de negociação apresentada ontem pela reitoria da universidade aos grevistas. Em uma assembleia na noite de ontem (31), os estudantes decidiram manter a greve que completa um mês.
Com o novo estatuto, serão redefinidas as regras da USP e até a forma de governo, se por reitoria ou governo tripartite, além da forma como se elegem os governantes - por eleições diretas ou indiretas. O estatuto da universidade é de 1988, mas alguns itens que nele constam são de 1972, época da ditadura, como o regimento disciplinar. Uma das normas desse regimento permitiu a expulsão de seis alunos da universidade pela ocupação de salas da Coseas (Coordenadoria de Assistência Social) em 2010.
O novo estatuto seria definido em um congresso, com participação de professores, alunos e funcionários. As mudanças propostas no congresso serão encaminhadas, segundo a universidade, "às instâncias competentes" a partir do término do evento. Segundo o DCE (Diretório Central dos Estudantes), falta a universidade garantir que todos os funcionários terão dispensa do trabalho no dia do congresso. "Esse estatuto deverá ser criado de forma democrática, com todos", afirmou a diretora do DCE e estudante do segundo ano de Letras, Luisa D’ Ávola, 25.
Em nota, a USP afirma que "recomendará a liberação dos congressistas das atividades de estudo e trabalho" durante o congresso e que vai dar apoio logístico à realização do evento.
Moradia
Na reunião desta quinta-feira, 31, a universidade se comprometeu a transformar outros dois prédios, chamados de "K"e "L", em moradia estudantil. Segundo a USP, isso ocorrerá "assim que houver a realocação dos órgãos da administração central ali em funcionamento para novos locais apropriados". Um calendário será estabelecido com os alunos.
A reitoria também se comprometeu a reajustar o valor das bolsas estudantis segundo índice de reajuste salarial acordado no Cruesp (Conselho de Reitores das Universidades Estaduais de São Paulo) e a debater a permanência da Polícia Militar na universidade. As informações são do jornal "O Estado de S. Paulo".
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