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TEMA ATUAL - Janeiro/2018 A arte tem o direito de questionar tudo?

Uma das pinturas da série "Criança viada", de Bia Leite, que integrava a exposição Queermuseu, em Porto Alegre - Reprodução
Uma das pinturas da série "Criança viada", de Bia Leite, que integrava a exposição Queermuseu, em Porto Alegre Imagem: Reprodução

Antonio Carlos Olivieri, da Página 3 Pedagogia & Comunicação

01/01/2018 05h00

Em setembro do ano passado, duas exposições de arte – uma no RS e a outra em SP – provocaram revolta e indignação em parte do público, que exigiu o fechamento das mostras, acusando-as de incentivar a pedofilia e de blasfêmia. A primeira delas, intitulada Queermuseu, em Porto Alegre, acabou fechada e a 35o Panorama de Arte Brasileira do MAM (Museu de Arte Moderna) foi investigada pelo Ministério Público de São Paulo. Por outro lado, houve também quem questionasse essa posição contrária às exposições, considerando-a um atentado à liberdade de expressão e uma forma de censura às artes. Nos textos da coletânea que compõem esta proposta de redação, você encontrará informações sobre os episódios, bem como algumas reflexões sobre uma das questões levantadas, que permanece atual: a arte tem o direito de questionar tudo, ou há limites para a liberdade de expressão, em particular da expressão artística?

  • O direito de ser ofendido

    O mal peculiar em silenciar a expressão de uma opinião é que isso rouba a raça humana; a posteridade, bem como a geração existente; aqueles que discordam da opinião, ainda mais do que aqueles que a defendem. Se a opinião é certa, eles são privados da oportunidade de trocar o erro pela verdade; se errada, eles perdem um benefício tão importante: a percepção mais clara e a mais viva impressão da verdade, produzida por sua colisão com o erro.

    John Stuart Mill (1806-1873), filósofo britânico

  • Barulho da turba

    Não houve incitação à pedofilia, incentivo à zoofilia. O que houve foi histeria, alimentada por doses inacreditáveis de preconceito, desinformação, moralismo, ignorância e má-fé. O que houve, também, foi a mais nítida demonstração de pusilanimidade por parte do Santander Cultural, que se rendeu ao barulho e aos faniquitos da turba e, por meio de nota xucra, endossou o atestado de retrocesso coletivo.

    O cancelamento da exposição “Queermuseu”, em Porto Alegre, passará à história como mais um episódio a confirmar o atual cenário de obscurantismo no país. O Santander, que dizia apoiar a diversidade, dobrou-se à intolerância. O marketing pretensamente arejado não resistiu à tática do grito.

    Difícil apontar o mais constrangedor em toda a celeuma: ativistas jovens escandalizados diante de imagens sexuais, a mais tosca carolice manobrando o instinto de manada que tomou conta das redes ou um centro cultural emitir nota ao público argumentando que a arte "perde seu propósito" quando não gera "reflexão positiva".

    Lira Neto, colunista da Folha de s. Paulo

  • "Erotização infantil"

    O Ministério Público de São Paulo instaurou nesta sexta-feira (29) um inquérito contra o Museu de Arte Moderna de São Paulo (MAM) para apurar denúncias contra a performance do artista fluminense Wagner Schwartz, que participava da mostra 35º Panorama da Arte Brasileira, na última terça-feira.

    A performance foi acusada nas redes sociais de “erotização infantil” depois que o vídeo que mostra uma criança tocando as mãos e pés do artista, enquanto ele se apresentava nu, viralizou nas redes sociais.

    A Procuradoria vai apurar se o museu expôs “crianças e adolescentes a conteúdo impróprio, uma vez que um homem estaria pousando totalmente sem roupa e o público seria convidado a tocá-lo, inclusive crianças”, diz nota do MP-SP

    Revista Exame

  • Muito além do adequado

    A mostra tinha, como objetivo declarado, fomentar a discussão sobre a realidade vivida pela comunidade LGBT. Chamar a atenção para o preconceito sofrido pelos homossexuais e lembrar que todos são merecedores do devido respeito à sua dignidade humana é tarefa importante, e a arte é um instrumento poderoso nesse sentido. No entanto, as imagens da exposição, compartilhadas pela imprensa e pelas mídias sociais, mostraram de forma inequívoca que o conteúdo da exposição Queermuseu foi muito além do adequado.

    Se por um lado havia obras de cunho mais político, ou sem nenhum conteúdo explícito, outras traziam cenas claramente pornográficas, incluindo zoofilia. Adriana Varejão, autora de Cenas do Cotidiano II, que inclui dois homens em relações sexuais com uma cabra, definiu seu trabalho como “uma obra adulta feita para adultos”. No entanto, como a Gazeta do Povo apurou, o próprio projeto da exposição Queermuseu previa a visitação de crianças e a confecção de materiais explicativos a serem distribuídos a alunos e professores. Uma situação inaceitável, que poderia ser atenuada com uma classificação etária para a exposição, mas mesmo isso parece não ter passado pela cabeça dos organizadores da mostra. Os responsáveis pelo Queermuseu ignoraram não só eventuais dilemas morais, mas também uma questão legal, pois o Estatuto da Criança e do Adolescente prevê que as crianças não sejam expostas a conteúdo obsceno ou pornográfico.

    As cenas de sexo explícito, no entanto, não são o único problema registrado em Queermuseu. Há, ainda, o desrespeito e o insulto à religião cristã. Uma das obras tinha hóstias nas quais foram escritos nomes de órgãos sexuais; outras satirizavam as figuras de Jesus Cristo e da Virgem Maria. “Entendemos que algumas das obras da exposição Queermuseu desrespeitavam símbolos, crenças e pessoas, o que não está em linha com a nossa visão de mundo”, afirmou, em nota, o Santander Cultural – espanta, no entanto, que essa avaliação só tenha ocorrido quase um mês depois da inauguração da mostra, indicando que, até surgirem as manifestações de repúdio por parte dos cristãos, os organizadores e a curadoria não tinham visto nada de desrespeitoso nos trabalhos expostos.

    Editorial Gazeta do Povo (PR)

  • Observações

    Seu texto deve ser escrito na modalidade formal da língua portuguesa.

    Deve ter uma estrutura dissertativa-argumentativa.

    Não deve estar redigido sob a forma de poema (versos) ou narração.

    A redação deve ser digitada e ter, no mínimo, 800 caracteres e, no máximo, 3.000 caracteres.

    De preferência, dê um título à sua redação.

    Envie seu texto até 25 de janeiro de 2018.

    Confira as redações avaliadas a partir de 1 de fevereiro de 2018.

    A redação pode ser enviada para o e-mail: bancoderedacoes@uol.com.br

     

Os textos publicados antes de 1º de janeiro de 2009 não seguem o novo Acordo Ortográfico da Língua Portuguesa. A grafia vigente até então e a da reforma ortográfica foram aceitas até 2012.

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