Após corte do Bolsa Família, estudante vê chance de ajudar família com Enem
Filho de uma dona de casa e de um pintor de paredes, o jovem Thalisson Luiz Santos, 17, se sentiu motivado a reforçar os estudos para ser aprovado em um curso superior por meio do Enem (Exame Nacional do Ensino Médio), após o programa federal Bolsa Família ter sido cortado, em 2015, e a família dele passar por aperto financeiro.
Santos se submeteu à prova neste domingo (5), na escola estadual Maria Salete de Gusmão Araújo, no bairro Clima Bom, periferia de Maceió. Antes de entrar no local da prova, ele conversou com o UOL e disse que estava nervoso com o que poderia vir na prova.
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"Fico pensando em como vou fazer se predominar algum assunto na prova que eu não estudei bem. Desde que a situação piorou, quando cortaram o Bolsa Família, fiquei com o pensamento que eu posso mudar a realidade da minha família caso eu seja aprovado em um curso superior. Sei que é no longo prazo, mas a minha meta é oferecer o melhor para a minha família. Quero ser médico", afirma Santos.
Além de não ter ninguém na família com curso superior ou cursando graduação, o estudante afirma que se sente "no dever de retribuir o esforço" que os pais fazem para sustentar a casa e não faltar alimento. A família tem três filhos e o pai não tem salário fixo.
"Quando cortaram o Bolsa Família, vi meus pais se preocuparem mais porque o que meu pai ganha não dá para o básico, que é o alimento. Estamos recebendo doações de familiares para complementar a feira, mas mesmo assim nunca mais comi um iogurte", conta o estudante, destacando que outros colegas de sala também relataram que as famílias estão em situação similar.
O jovem cursa o terceiro ano do ensino médio na escola estadual Moreira e Silva, no Cepa (Centro de Estudos e Pesquisas Aplicadas), e conta que vem estudando de domingo a domingo numa carga horária de quatro horas diárias, além da escola. Ele faz cursinho gratuito aos sábados e domingos, oferecidos pela própria escola e pela Ufal (Universidade Federal de Alagoas).
"Além da escola pela manhã, estudo em casa no período da tarde e da noite e nos fins de semana vou a cursinhos para reforçar o aprendizado. Não faltei em nenhum dia desse ano porque sinto que cada hora não estudada é tempo perdido", diz Santos, destacando que participou de aulões nos últimos dias que antecederam a prova do Enem deste domingo.
"Venho no ônibus fornecido para estudantes que moram na periferia e estudam no Cepa. Minha jornada começa às 6h, no ponto de ônibus para a escola. Depois que volto para casa à tarde, retorno os estudos até à noite. Deixei de sair com amigos porque tudo é questão de investimento de tempo", ressalta o estudante.
Após terminar a prova, ele disse que “gostou” do exame, mas que teve “algumas dificuldades”.
“Consegui me concentrar em todas as questões, entretanto tive algumas dificuldades, mas foram normais. Sobre a redação, eu abordei todos os meus conhecimentos e fiquei satisfeito com a minha redação", destacou o estudante, afirmando que está preparado para a próxima prova, no domingo dia 12.
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