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Enem 2019: como se preparar nas 25 semanas antes da prova

Joel Silva/Folhapress
Imagem: Joel Silva/Folhapress

Carolina Cunha

Colaboração para o UOL, em Brasília

12/05/2019 04h00

As inscrições para o Enem (Exame Nacional do Ensino Médio) 2019 foram abertas na segunda-feira (6). As provas serão aplicadas nos dias 3 e 10 de novembro. Até lá, o aluno tem 25 semanas para se preparar e revisar o conhecimento adquirido durante o ensino médio.

Mas, antes de separar uma pilha de livros e apostilas e começar uma maratona de estudos, a preparação para o Enem exige um planejamento detalhado. O UOL conversou com especialistas sobre como organizar esse tempo e o que fazer para que as 25 semanas rendam mais.

Crie um plano de estudos e defina metas

Manter uma rotina é fundamental para conseguir bons resultados. Para Vinicius de Carvalho Haidar, coordenador do Curso Poliedro, o maior obstáculo do aluno é a dificuldade de administrar o tempo. A solução é montar um plano de estudos detalhado e criar metas semanais e diárias.

"Planejamento é a palavra-chave para esse momento. Na verdade, 25 semanas é pouco tempo para absorver o volume de conteúdo que cai na prova. A primeira coisa é montar um cronograma diário para definir o conteúdo a ser estudado longo das semanas", diz o coordenador.

O cronograma pode ser feito através de uma tabela que divida a semana de segunda-feira a domingo, com horários de aula, refeições, estudo e descanso. O professor recomenda que a tabela esteja disposta em um lugar visível, fixada na parede do quarto ou colada nos cadernos.

De acordo com Haidar, o mais importante é que essa agenda reflita a realidade do estudante, de preferência com horários fixos --seja na mesma hora em determinados dias da semana, seja marcando um número de horas por dia. Mas cuidado com metas irrealistas, porque elas podem provocar frustração. Para evitar o desânimo, aumente progressivamente o ritmo.

Planejamento - Boonyachoat/Getty Images/iStockphoto - Boonyachoat/Getty Images/iStockphoto
Planejamento e metas são importantes na hora de estudar
Imagem: Boonyachoat/Getty Images/iStockphoto

Defina o nível em que está em cada matéria

Alexandre Bento, criador do método Tríade da Aprovação, que envolve planejamento, controle emocional e metodologia, concorda que 25 semanas é pouco tempo para quem precisa melhorar as notas. "O plano de estudos não pode ser feito de qualquer maneira. São 12 matérias no Enem. Se o estudante tem 20 a 24 horas na semana para estudar e se ele colocar o mesmo peso para todas as matérias, ele simplesmente não vai conseguir", diz.

Bento recomenda que, no plano de estudos, o aluno faça um nivelamento do conhecimento, categorizando as matérias em nível iniciante, intermediário ou avançado. "Um erro comum é estudar muito e não sair do lugar. Para as matérias que o aluno tem domínio intermediário ou avançado, ele pode trabalhar com revisão e resolver exercícios. Se o domínio for básico, pode estudar mais tempo e otimizar os estudos", diz o educador.

Entre as técnicas que Bento ensina para estudar, estão a "Pomodoro" e a "48-7-3". A primeira consiste em aprender com pausas. Em vez de estudar horas sem parar, o aluno estuda 25 minutos e descansa 5. "Isso permite que o cérebro esteja sempre concentrado", avalia.

A segunda técnica é fazer revisões. Por exemplo, se o aluno estuda uma matéria hoje, em no máximo 48 horas ele faz uma revisão dela, que pode acontecer de novo em sete dias e depois em três meses. "Se não fizer essa revisão, ele pode esquecer quase tudo e perder ainda mais tempo para retomar o conteúdo", explica.

Estude sem distrações

O aluno precisa de um lugar calmo para estudar, sem interferências externas. Muitas vezes ficar em casa pode atrapalhar, por isso é recomendável estudar na escola, no cursinho ou em alguma biblioteca pública, para garantir a concentração.

Celular - Getty Images - Getty Images
Evite estar perto do celular para não ceder à tentação de trocar o estudo pelas redes sociais
Imagem: Getty Images

Na opinião de Haidar, é preciso criar um ambiente sem distrações. "Não basta planejar. É preciso disciplina para seguir com o plano de estudos. O que ajuda muito é escolher onde e como estudar."

Precisa ser um espaço sem distrações, onde o estudante desligue a televisão e fique longe do celular e das redes sociais
Vinicius de Carvalho Haidar, coordenador do Curso Poliedro

Faça resumo

Fazer sínteses do conteúdo ajuda muito a se lembrar dos principais pontos-chaves da matéria.

A dica de Bento é criar um caderno de resumos para a semana: "Dá para dividir os resumos em cores de canetas diferentes, indicando categorias como títulos e palavras-chave". Os resumos podem ser consultados ao longo dos meses para revisar o material já estudado.

Simulado - Brasil Escola - Brasil Escola
Simulados e provas anteriores ajudam a treinar tempo e entender quais são os temas problemáticos
Imagem: Brasil Escola

Faça simulados e provas de anos anteriores

A resolução de provas anteriores e de simulados também deve fazer parte da rotina.

Para Cláudio Falcão, diretor do Sistema de Ensino PH, esse é o melhor método para definir qual conteúdo estudar. "Tem que focar. O aluno acha que vai ter muito tempo em 25 semanas, mas pode cometer um erro clássico: achar que precisa estudar tudo de novo. Ele deve priorizar aquilo que não sabe. Como descobrir isso? Pela realização de simulações", diz.

A recomendação é que o aluno faça uma prova a cada duas semanas ou pelo menos uma prova por mês. Uma dica é usar os finais de semana para os testes.

Segundo o professor, para quem estudou pouco nos meses anteriores, fazer provas antigas do Enem também possibilita o diagnóstico dos pontos fracos do aluno. "Isso é fundamental para ganhar tempo e progredir", indica Falcão. Ele sugere que o candidato busque as provas dos últimos cinco anos e reveja na semana seguinte os conteúdos que errou.

Outra dica é aprender a controlar o tempo da prova do Enem. Enquanto realiza a prova de outros anos, Falcão sugere que o estudante cronometre as horas. Isso permite testar uma situação parecida com o dia da avaliação. "Ele deve responder às questões sem consultar material e sem dar pausas para fazer outra coisa", orienta o professor.

Nem todas as escolas, porém, oferecem simulados. O professor sugere que os alunos busquem testes abertos na internet e refaçam as provas do Enem disponibilizadas no site do Inep (Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Anísio Teixeira), responsável pelo Enem.

Encontre momentos de lazer e descanso

Para os professores, também é fundamental encaixar no cronograma espaços para a família, o lazer, as atividades físicas e o descanso. Tentar relaxar faz bem. Isso porque o estudo exagerado pode levar ao esgotamento do corpo, afetar a memória e criar ansiedade.

Lazer - iStock - iStock
Arejar a cabeça também se faz necessário para não criar ansiedade
Imagem: iStock

"Já vi alunos muito bons que não estavam equilibrados na hora da prova e não renderam. Esse desgaste não vai acontecer se ele tiver uma vida emocional saudável e um sono tranquilo desde agora", comenta Falcão.

Treine a redação

Conseguir nota mil na redação do exame é o sonho de muita gente. No texto dissertativo-argumentativo é preciso ter familiaridade com a escrita, com a interpretação de fatos e com a argumentação em defesa de um ponto de vista.

"Redação é treino. É um exercício grande, complexo e que precisa ser praticado sempre", recomenda Haidar. A dica do professor é escrever uma redação por semana até a prova chegar.

Fique atento às notícias

O estudante também precisa complementar a rotina da semana com momentos de leitura. "O Enem cobra muito conteúdo de atualidades. É preciso saber o que está acontecendo no Brasil e no mundo. Então o aluno precisa ir atrás de um repertório mais completo", avalia Haidar.

Mas tome cuidado com fake news. É preciso desconfiar de informações sem referências ou assinadas por fontes duvidosas. Manter-se atualizado está relacionado a uma boa fonte de informação, de áreas variadas.

Busque conteúdos complementares

Videoaulas, aplicativos e plataformas educacionais podem ser ferramentas valiosas para quem não tem com quem tirar dúvidas. "Se o aluno estuda num cursinho, provavelmente não vai precisar de material de apoio. Às vezes muito material tira a concentração e o foco. Mas o estudante que estuda sozinho por conta própria ou com o material antigo da escola pode precisar de mais fontes", diz Falcão.

Bento avalia que os conteúdos complementares devem ser aplicados com exercícios práticos no plano de estudos. "Se você não está estudando da maneira correta, você está entendendo, mas não aprendendo", afirma o especialista.

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