Ministro da Educação deveria sair da Câmara demitido, diz deputado aliado
Líder do Podemos, o deputado federal José Nelto (GO) afirmou hoje esperar que o ministro da Educação, Abraham Weintraub, saia do plenário da Câmara dos Deputados sem ocupar mais o cargo.
"Haverá um questionamento muito duro com o ministro aqui em plenário. Acho que ele tem que entrar ministro e sair daqui ex-ministro", disse o líder do Podemos. O partido é considerado aliado do governo, apesar de não integrar formalmente a base.
Ontem à noite, em mais uma derrota para o governo de Jair Bolsonaro (PSL), os deputados aprovaram uma convocação para que Weintraub compareça à Casa para dar explicações sobre os bloqueios de verba na área da educação. A sessão deve começar às 15h, ao mesmo tempo em que ocorrem protestos em todo o país. A previsão é de que o ministro fique na sabatina até as 21h.
Em 2015, o então ministro da Educação Cid Gomes foi convocado a comparecer à Câmara dos Deputados para prestar esclarecimentos sobre declarações que ele havia dado sobre Eduardo Cunha (MDB-RJ), então presidente da Casa. Após a participação na sessão, Gomes saiu do cargo.
Recado a Bolsonaro
Os líderes da Câmara se reuniram na manhã de hoje para definir como será a reunião com o ministro. O entendimento é de que a vinda de Weintraub servirá para dar mais um recado ao governo, que acumula derrotas na Casa.
"O sentimento na Casa é de que queremos mostrar três coisas. Todos os partidos reclamam que não há plano para Educação no país. O governo não tem base formada. E isso é um recado para o Parlamento ser respeitado. Se o governo e os ministros insistirem em um diálogo ruim, podemos convocar outros ministros para Câmara", disse ao UOL uma liderança que estava na reunião.
Líder do governo no Congresso, a deputada federal Joice Hasselmann (PSL-SP) pregou o diálogo.
"A gente sabe que ninguém funciona aqui na pancada, não tem jeito. O caminho é o diálogo", disse.
A líder pediu diálogo um dia após uma série de desentendimentos entre deputados aliados e o governo. Na tarde de ontem, líderes próximos ao governo disseram à reportagem que os cortes na Educação seriam revisados e não aconteceriam. Eles relataram uma ligação feita por Bolsonaro ao ministro Weintraub. Ao chegar hoje à Câmara, o ministro confirmou a ligação.
Após a publicação da reportagem, a Casa Civil e o MEC negaram que haveria os cortes. As versões conflitantes incomodaram os deputados de partidos como Novo, Podemos, PSL, Cidadania, que tentam formar uma base para o governo e se sentiram contrariados e expostos como "mentirosos".
O deputado Diego Garcia (Podemos-PR) afirmou que a ida de Weintraub ao plenário da Câmara é uma vitória do Centrão e que o ideal era que o ministro fosse prestar esclarecimentos na Comissão de Educação, por ser um grupo mais técnico, teoricamente.
Garcia também esteve na reunião ontem no Planalto em que o presidente Jair Bolsonaro telefonou para o ministro anunciando que não haveria mais cortes no MEC. "O presidente ligou do próprio celular dele para o ministro. Quem se posicionou falando contra a suspensão dos cortes não participou da reunião", disse.
Como será a sessão com o ministro
Ao início da sessão, Weintraub fará uma exposição de 30 minutos. Em seguida, o deputado que fez o pedido de convocação, Orlando Silva (PCdoB-SP), poderá falar. Os líderes de todos os partidos poderão questionar o ministro e até 30 parlamentares poderão se inscrever para questioná-lo.
Não haverá divisão entre partidos pró e contra governo, porque o entendimento é de que a pauta é comum a todos. Segundo avaliação de dois deputados ouvidos pelo UOL, isso faz com que o ministro fique mais exposto às críticas e ataques.
O líder do governo na Câmara, Major Vitor Hugo (PSL-GO), evitou falar sobre os cortes após a reunião.
"Olha só, o ministro da Educação vem agora [à Câmara]. É a oportunidade para os deputados interpelarem o ministro da Educação e tenho certeza que ele vai explicar qualquer dúvida em torno disso", afirmou. (*Colaborou Luciana Amaral, de Brasília)
ID: {{comments.info.id}}
URL: {{comments.info.url}}
Ocorreu um erro ao carregar os comentários.
Por favor, tente novamente mais tarde.
{{comments.total}} Comentário
{{comments.total}} Comentários
Seja o primeiro a comentar
Essa discussão está encerrada
Não é possivel enviar novos comentários.
Essa área é exclusiva para você, assinante, ler e comentar.
Só assinantes do UOL podem comentar
Ainda não é assinante? Assine já.
Se você já é assinante do UOL, faça seu login.
O autor da mensagem, e não o UOL, é o responsável pelo comentário. Reserve um tempo para ler as Regras de Uso para comentários.