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Weintraub confirma que recebeu ligação de Bolsonaro

Ana Carla Bermúdez

Do UOL, em Brasília

15/05/2019 15h26Atualizada em 15/05/2019 19h31

O ministro da Educação, Abraham Weintraub, confirmou que recebeu, ontem, uma ligação do presidente Jair Bolsonaro (PSL). Ele não declarou, no entanto, se Bolsonaro ordenou que ele suspendesse os bloqueios de verba na área da educação.

"Lógico que [o presidente] ligou", disse o ministro ao UOL ao chegar à Câmara dos Deputados - -ontem, o ministro foi convocado pelos parlamentares a prestar esclarecimentos sobre os cortes anunciados pelo MEC (Ministério da Educação). Questionado se Bolsonaro ordenou a suspensão dos cortes, o ministro não respondeu.

O telefonema foi o centro de uma polêmica envolvendo líderes partidários.

Pelo menos quatro lideranças partidárias que se reuniram com o presidente na tarde de ontem afirmaram ao UOL ter presenciado o momento em que o presidente telefonou para Weintraub, ordenando que o congelamento no orçamento do MEC fosse suspenso.

"O presidente Jair Bolsonaro ligou para o ministro Abraham Weintraub na nossa frente e pediu para rever [os cortes]. O ministro tentou contra-argumentar, mas não tem conversa", afirmou o líder do PSL na Câmara, Delegado Waldir (PSL-GO).

Algumas horas mais tarde, ao ser questionado no plenário da Câmara, o ministro justificou a ligação. Weintraub deu sua versão sobre o que ocorreu com os líderes partidários após a ligação de Bolsonaro. Ele classificou o episódio como um "mal-entendido".

"O parlamentar escutou o presidente falando, e o que eu falei? 'Presidente, não está havendo corte nenhum, não há corte, o que está havendo é contingenciamento'.
E ele [Bolsonaro] falou: 'maravilha, então não tem corte, mas se não tiver recurso lá na frente, o que a gente faz?'", relatou Weintraub.

Segundo o ministro, o presidente então disse:" a gente vai suspender e depois a gente vai ver como faz".

O ministro afirmou, ainda, que na ligação com Bolsonaro defendeu que o contingenciamento acontece por ordem do ministério da Economia - - e que o MEC tem de se "adequar" a isso. "Então, foi um mal-entendido, não foi mentira", afirmou.

A Casa Civil e o MEC negaram a informação. Irritados com a posição do governo, parlamentares passaram a falar em "boatos" criados pelo próprio governo. Hoje, o líder do Podemos, José Nelto (Pode-GO), disse esperar que Weintraub saia do plenário da Câmara fora do cargo de ministro.

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