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Chile desbanca USP e Unicamp e lidera ranking com 150 universidades

Entrada do campus da Unicamp em Barão Geraldo, na cidade de Campinas (SP) - Renato Cesar Pereira/Photopress
Entrada do campus da Unicamp em Barão Geraldo, na cidade de Campinas (SP) Imagem: Renato Cesar Pereira/Photopress

Ana Carla Bermúdez

Do UOL, em São Paulo

18/06/2019 17h00Atualizada em 18/06/2019 17h56

O Chile tirou do Brasil o título de melhor universidade da América Latina segundo a avaliação de um dos principais rankings internacionais do mundo, o THE (Times Higher Education).

A PUC-Chile (Pontifícia Universidade Católica do Chile) lidera o ranking das universidades latino-americanas de 2019, ultrapassando de uma vez só USP (Universidade de São Paulo) e Unicamp (Universidade de Campinas).

Enquanto a USP permanece no segundo lugar, a Unicamp, que ocupava o primeiro posto desde 2017, agora cai para o terceiro.

Mas a queda da Unicamp não é resultado de uma piora na avaliação da universidade, e sim de um acirramento da concorrência com as outras instituições. Apesar de a Unicamp apresentar um crescimento na pontuação geral em comparação ao ano passado (de 86,5 para 87,8), ele não foi suficiente frente ao que melhoraram a USP (de 86 para 88) e a PUC-Chile (de 85,7 para 88,6).

A listagem, divulgada hoje, avaliou 150 universidades de 12 países. É a primeira vez que uma instituição chilena aparece no topo.

Em nota, o reitor da PUC-Chile, Ignacio Sánchez, afirmou que a liderança da instituição no ranking é um "lugar de privilégio". Ele destacou, ainda, que o resultado é um "reflexo da atividade e suporte da comunidade universitária".

Marcelo Knobel, reitor da Unicamp, diz ver as mudanças no topo do ranking com "muita tranquilidade". "As diferenças entre as universidades são muito pequenas, então é normal essa flutuação", afirma o reitor.

Segundo ele, é preciso ressaltar a importância das boas posições das universidades públicas no ranking --entre as dez instituições mais bem colocadas, seis são brasileiras, sendo cinco delas públicas.

"Do ponto de vista prático, a nossa pontuação está bastante estável, e temos a convicção de que estamos fazendo um ótimo trabalho no que se refere ao posicionamento das universidades públicas nesses rankings internacionais. Temos que ver o conjunto e ver o que conseguimos fazer em tão pouco tempo e com tantas crises financeiras, com tantos problemas", pontua Knobel.

Na avaliação, são considerados cinco indicadores: ensino, pesquisa, citações, visão internacional e transferência de conhecimento.

A PUC-Chile assume a primeira posição com uma melhora em pesquisa, indústria e receita institucional, critério avaliado dentro do indicador de ensino.

"Vale observar que esta instituição [Unicamp], bem como várias outras brasileiras, teve menor pontuação por impacto de citações neste ano, o que sugere que o país deve dar mais atenção à qualidade da pesquisa para evitar queda maior no futuro", diz o material de divulgação do THE.

A queda neste indicador coincide com cortes nas bolsas de pesquisa por todo o Brasil, um dos efeitos dos bloqueios no orçamento da educação pela gestão do presidente Jair Bolsonaro (PSL).

Knobel afirma que a instituição vem mantendo suas atividades de pesquisa "de maneira absolutamente normal". Mas ele destaca que os congelamentos podem ter reflexos "mais para a frente".

"Claro que, se houver cortes, teremos menos estudantes com bolsa. Há uma preocupação com o apoio, a renovação do parque de equipamentos, a infraestrutura", conta.

O reitor da USP, Vahan Agopyan, afirma ser uma "conquista" que uma universidade "grande e que abrange todas as áreas do conhecimento, como a USP" continue em segundo lugar. "Como todas as instituições estão progredindo, conseguir se manter na mesma classificação significa que evoluímos de um ano para outro", diz.

O Times Higher Education é uma publicação britânica, considerada uma das principais avaliações educacionais do mundo todo, que analisa universidades desde 2011. O recorte específico sobre as instituições de ensino superior da América Latina foi feito pela primeira vez em 2016.

Brasil bem no ranking e mundanças entre latinos

Apesar de ter perdido a liderança, o Brasil ainda é o país com maior número de universidades entre as dez melhores instituições.

Além da USP e da Unicamp, a PUC-Rio (Pontifícia Universidade Católica do Rio de Janeiro) aparece em quarto lugar, a Unifesp (Universidade Federal de São Paulo) fica em sexto, a UFMG (Universidade Federal de Minas Gerais) em oitavo e a Unesp (Universidade Estadual Paulista) aparece na décima posição.

Mais de um terço das universidades que aparecem no ranking são brasileiras: são 52 instituições, número maior do que no ano passado, quando 43 universidades foram colocadas na lista.

O Chile é o segundo país mais bem representado, com 30 universidades no ranking (eram 26 no ano anterior).

Cuba aparece na classificação pela primeira vez, com a Universidade de Havana em 48º lugar e a Universidade Marta Abreu de las Villas garantindo uma posição na faixa acima do 101º lugar.

Já a Venezuela caiu das 50 principais instituições. A Universidade Simón Bolívar despencou do 39º lugar para a faixa de 51-60 devido a uma queda na pontuação de reputação por pesquisa. A Universidade dos Andes, outra única representante do país, permanece na faixa de 61-70 e tem alta pontuação por ambiente de pesquisa.