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Reitores de federais pedem suspensão de datas do Enem e novo calendário

Andre Melo Andrade/Myphoto Press/Estadão Conteúdo
Imagem: Andre Melo Andrade/Myphoto Press/Estadão Conteúdo

Ana Carla Bermúdez

Do UOL, em São Paulo

14/05/2020 11h52

A Andifes, associação dos reitores de universidades e institutos federais, divulgou uma carta em que pede a suspensão das datas do Enem (Exame Nacional do Ensino Médio) e a definição de um novo calendário para o exame devido aos impactos da pandemia do novo coronavírus.

O documento foi entregue hoje à Secretaria de Ensino Superior do MEC (Ministério da Educação). Nele, os reitores argumentam que o Enem deve ser realizado em "situações sanitárias viáveis" e com condições que garantam a isonomia de concorrência para os candidatos. "Hoje, para além de dificuldades históricas, a comunidade científica afirma que essas condições mínimas não se apresentam", diz o texto.

O Enem é considerado a principal porta de entrada para o ensino superior no Brasil e possibilita, por meio de programas federais como o Sisu (Sistema de Seleção Unificada), concorrer a vagas em universidades e institutos federais de todo o país.

Apesar da suspensão das aulas presenciais em todos os estados devido à crise do coronavírus, o governo federal defende a realização do Enem em novembro.

Na carta, os reitores destacam que a educação de crianças, adolescentes e jovens é um direito fundamental e que, apesar dos esforços dos gestores e das famílias, eles se encontram hoje sem atividades presenciais.

"Essa circunstância afeta de maneira muito desigual classes sociais e regiões, evidenciando um déficit que jamais pode ser ignorado por instituições que tanto se empenham por efetiva inclusão social", diz o texto.

Os reitores afirmam ainda que é fundamental a realização de um Enem "tecnicamente exitoso e com concorrência democrática". Eles sugerem que, além da suspensão das datas atualmente previstas para o exame, um novo calendário seja definido com apoio da área da saúde e com diálogo entre educadores, gestores e instituições de ensino.

Na manhã de ontem, o presidente Jair Bolsonaro (sem partido) afirmou que a aplicação do Enem pode ser atrasada caso haja necessidade, mas que o exame deve ser realizado ainda este ano. O presidente disse ainda que tem conversado com o ministro da Educação, Abraham Weintraub, sobre a possibilidade.

Esta foi a primeira declaração de Bolsonaro nesse sentido. Weintraub, por outro lado, tem negado a possibilidade de adiar o Enem. O ministro também vem fazendo críticas aos pedidos de adiamento do exame.

Também ontem, o ministro Gurgel de Faria, do STJ (Superior Tribunal de Justiça), indeferiu liminarmente um pedido feito por entidades estudantis para que o Enem fosse adiado.

Estudantes e secretários de educação também criticam a manutenção do Enem em novembro e dizem temer que a realização do exame amplie as desigualdades.

Estudantes ouvidos pelo UOL expressaram a mesma preocupação, alegando estarem "totalmente perdidos" com o cancelamento das aulas. Os alunos sugeriram ainda que a prova do Enem seja realizada em janeiro de 2021, quando diversas universidades também realizam vestibulares.