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Educação infantil requer retomada diferenciada, diz secretário de Salvador

Alex Almeida/Folhapress
Imagem: Alex Almeida/Folhapress

Ana Carla Bermúdez

Do UOL, em São Paulo

23/06/2020 20h23Atualizada em 23/06/2020 20h23

A educação infantil não deve ser a primeira etapa de ensino a ser retomada na ocasião da reabertura das escolas, fechadas há cerca de três meses devido à pandemia do novo coronavírus. É o que defende o secretário municipal de educação de Salvador, Bruno Barral.

Isso porque, na avaliação do secretário da gestão do prefeito Antônio Carlos Magalhães Neto (DEM), alunos da educação infantil (crianças de zero a cinco anos) não têm a maturidade e a disciplina necessárias para que sejam cumpridos os protocolos de segurança e higiene necessários para a volta das atividades com segurança nas escolas.

Entre os protocolos que vêm sendo elaborados pelos órgãos de saúde em conjunto com as redes de ensino do país, estão medidas como o distanciamento entre os alunos, rodízio e menor quantidade de estudantes por sala de aula.

"Para ter um retorno, estabelecendo protocolos, e para que eles sejam seguidos, você exige maturidade e disciplina. E eu desafio a vocês que me apresentem uma criança de 3 ou 4 anos de idade com maturidade e disciplina. Porque, se tiver, está errado", afirmou o secretário ao participar de um encontro online, promovido pela ONG Todos Pela Educação, sobre adaptações e transformações na educação básica devido à pandemia.

Barral destacou ainda que o processo de aprendizagem das crianças de zero a cinco anos passa necessariamente pelo contato, pelas brincadeiras e pela divisão de brinquedos -práticas que podem ajudar a disseminar o vírus.

"Isso vai ser muito complicado. Aí, você tem que ter estratégias. O que estamos bolando aqui em Salvador: diminuição do adensamento das turmas, que vai consequentemente provocar o rodízio em algumas situações; e o faseamento do retorno, priorizando as crianças em fase de alfabetização ou pré-letramento", afirmou.

Segundo o secretário, sua pasta tem recebido pressão, principalmente por parte das escolas particulares, para que a educação infantil seja priorizada na retomada das atividades presenciais. Barral disse, no entanto, que a forma eficaz de se prever o retorno da educação infantil é garantir que todos os espaços das escolas sejam utilizados, e não apenas as salas de aula.

"É você conseguir utilizar de forma criativa todos os ambientes possíveis para que você trabalhe em grupos menores. Mas é importante que esses grupos menores existam, porque um dos critérios principais de educação infantil é o conceito de socialização, de convivência em grupos", afirmou.

Barral destacou ainda que esse é um desafio "muito grande" e que vai demandar muito trabalho para que os protocolos de higiene e segurança sejam cumpridos. "Isso é difícil, nesse momento, e por isso não enxergo que a educação infantil seja uma das primeiras a retornar".