Pais consideram 'inevitável' realizar Enem em plena pandemia
Arthur Stabile
Colaboração para o UOL, em São Paulo
24/01/2021 13h41
O segundo dia de realização no Enem (Exame Nacional do Ensino Médio) em São Paulo contou com presença intensa de alunos na unidade Marquês de São Vicente da Unip (Universidade Paulista), na zona oeste da cidade. Pais levaram seus filhos e apoiaram a realização da prova.
Alex Campos, executivo de contas de 43 anos, levou o filho Johnatan para treinar. Com 16 anos, ele ainda não pode entrar na faculdade de web designer por não ter concluído o ensino médio.
O pai defende a realização da prova mesmo para situações como a do rapaz, exclusiva para ganhar experiência. "É inevitável", define. "A pandemia é uma fatalidade, estão corretos em fazer", acrescenta, sobre o governo federal, responsável pela aplicação da prova.
Alex acredita haver uma explicação política da pandemia. Em frente à Unip, estudantes e grupos políticos protestaram contra a aplicação da prova. Cobravam, também, vacina contra a covid-19 "para todos".
"Na minha opinião, a pandemia é fatalidade e está sendo exploração de forma política, um cenário de potencialização. Tem gente tripudiando em cima de uma situação inevitável", afirma.
Segundo ele, seu filho reclamou da proximidade das pessoas durante a aplicação da primeira etapa da prova, no dia 14. "Não estava um ambiente bom, deveria ter mais espaçamento", recomenda.
Edilene Ferreira dos Santos, coordenadora de qualidade de 51 anos, levou a filha Victoria Santos Dias, de 18, para segunda parte da prova. Ela também apoia a aplicação do Enem neste momento.
"Ela fez o ensino médio em 2020 e foi muito fraco por estar dentro de casa, está despreparada por causa das aulas onlines", afirma. "E, de fato, teve toda estrutura, aulas todos os dias e gente do ensino público, não".
Edilene e Victoria se surpreenderam com a falta de alunos no primeiro dia, em torno de 50% dos inscritos —a média anual do Enem é entre 25% e 30%. "Muita falta de aluno. A Victória não queria vir, apoiava o adiamento, mas insisti."
Vereadora de SP protesta
Luana Alves, vereadora eleita em São Paulo pelo PSOL, protestou contra a realização do Enem no segundo dia de prova. Ela entrou com recurso na Justiça pelo adiamento do vestibular, mas perdeu.
"Achávamos mais justo o adiamento porque alunos de escola pública não tiveram possibilidade de estudar", defende.
Luana se juntou com Samia Bomfim e Erica Hilton, também do PSOL, para questionar legalmente a realização em meio à pandemia do novo coronavírus. Como a prova aconteceu, decidiu protestar.
A parlamentar levou integrantes do coletivo Juntos, ligado ao partido e com manifestação feita no mesmo lugar durante o primeiro dia de prova.
"Viemos para prestar solidariedade, apoio aos estudantes e distribuir adesivos a favor da vacinação", explica. "Quase ninguém nega."
Enem 2020; veja fotos
1 / 83
A universitária Daniele Assis, 18, vende balas e álcool em gel para inteirar o valor de sua faculdade
Um pequeno grupo de manifestantes realizou um protesto em frente a uma das entradas da PUC-Rio (Pontifícia Universidade Católica do Rio), zona sul da cidade. Com um cartaz escrito "a gripezinha já matou + de 200 mil pessoas" decidiram se manifestar contra o presidente Jair Bolsonaro (sem partido)
Promotores de faculdades, como da própria Unip e de outras franquias, como a Anhanguera, abordam estudantes para cadastrá-los e apresentar ofertas no valor das matrículas no 1º dia do Enem impresso em SP
Promotores de faculdades, como da própria Unip e de outras franquias, como a Anhanguera, abordam estudantes para cadastrá-los e apresentar ofertas no valor das matrículas no 1º dia do Enem impresso em SP
Promotores de faculdades, como da própria Unip e de outras franquias, como a Anhanguera, abordam estudantes para cadastrá-los e apresentar ofertas no valor das matrículas no 1º dia do Enem impresso em SP
Promotores de faculdades, como da própria Unip e de outras franquias, como a Anhanguera, abordam estudantes para cadastrá-los e apresentar ofertas no valor das matrículas no 1º dia do Enem impresso em SP
Integrantes do Coletivo Juntos protestaram em frente a uma das entradas da PUC-Rio, na zona sul, reivindicando que os estudantes que não conseguiram comparecer no primeiro dia de prova do Enem, possam realizar o exame nos dias de reaplicação. Um dos manifestantes, Theo Louzada, 25, disse ao UOL que a ausência dos candidatos é na verdade "ausência do governo em respeitar a saúde dos estudantes"
24.jan.2021 - Candidata corre para entrar em local de prova do Enem 2020 antes do fechamento dos portões no bairro da Mooca, zona sudeste da cidade de São Paulo
ETTORE CHIEREGUINI/AGIF/ESTADÃO CONTEÚDO
74 / 83
24.jan.2021 - Candidata chega para o segundo dia de provas do Enem, na Universidade Cruzeiro do Sul, na Av. Paulista, neste domingo, com portões fechando
ROBERTO CASIMIRO/FOTOARENA/ESTADÃO CONTEÚDO
75 / 83
No Twitter, o "povo de humanas" já está sofrendo por antecipação com a prova de matemática e ciências da natureza
Reprodução/Twitter
76 / 83
Estudantes que saíram da prova do Enem após as 16h na Unip da Lapa
André Porto/UOL
77 / 83
Aluna do ensino público, Larissa Evelin citou química entre as perguntas mais complexas do Enem
ID: {{comments.info.id}}
URL: {{comments.info.url}}
Ocorreu um erro ao carregar os comentários.
Por favor, tente novamente mais tarde.
{{comments.total}} Comentário
{{comments.total}} Comentários
Seja o primeiro a comentar
Essa discussão está encerrada
Não é possivel enviar novos comentários.
Essa área é exclusiva para você, assinante, ler e comentar.
Só assinantes do UOL podem comentar
Ainda não é assinante? Assine já.
Se você já é assinante do UOL, faça seu login.
O autor da mensagem, e não o UOL, é o responsável pelo comentário. Reserve um tempo para ler as Regras de Uso para comentários.