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Fuvest 2021: 2ª fase aposta em atualidades, técnica e pensamento crítico

10.jan.2021 - Movimentação de estudantes para participar da prova da Fuvest na UMC, em Mogi das Cruzes (SP) - Igor Smith/Futura Press/Estadão Conteúdo
10.jan.2021 - Movimentação de estudantes para participar da prova da Fuvest na UMC, em Mogi das Cruzes (SP) Imagem: Igor Smith/Futura Press/Estadão Conteúdo

Guilherme Botacini

Colaboração para o UOL, em São Paulo

22/02/2021 22h05

A segunda fase da Fuvest, vestibular que dá acesso à USP (Universidade de São Paulo) terminou hoje, após dois dias de prova.

De modo geral, professores de cursinho ouvidos pela reportagem destacaram a atualidade das questões em algumas áreas, por um lado, e uma prova bastante técnica, por outro. Nos dois casos, porém, as questões foram consideradas exigentes de modo geral.

Confira a correção da prova em parceria com o Objetivo.

O aluno precisava ter espírito crítico e não apenas o conhecimento puro em todas as disciplinas. Ele deveria saber analisar, usar a lógica e aplicar o conhecimento.
Vera Lúcia Antunes, coordenadora do Colégio e Curso Objetivo

No primeiro dia de prova, no domingo (21), os candidatos responderam a dez questões de língua portuguesa —seis de linguagem e quatro de literatura— e uma redação, cujo tema foi uma pergunta: "O mundo contemporâneo está fora da ordem?".

"Foi um tema bem típico da banca da Fuvest. A tematização do mundo contemporâneo, com estímulo para uma visão crítica e autoral em que vivemos", diz Felipe Leal, professor de redação do Curso Anglo.

Os textos-base, embora não devam ser a principal referência do candidato, segundo Leal, orientavam para possíveis recortes temáticos —importantes diante de um tema tão amplo—, principalmente relativos à questão econômica e à questão ambiental.

As seis questões de linguagens trouxeram temas muito atuais. As questões eram contextualizadas, por exemplo, a partir das queimadas na Amazônia, da dificuldade de acesso dos estudantes à internet durante a pandemia do novo coronavírus e do rompimento da barragem da Samarco em Mariana (MG).

"Foi uma prova preocupada com a atualidade e talvez isso seja porque a banca considerou o momento de isolamento social dos estudantes", diz Henrique Braga, professor do Curso Anglo.

"A prova de linguagem foi totalmente interpretativa e muito honesta", diz Serginho Henrique, professor de língua portuguesa do Objetivo, que também considerou essa parte mais fácil que a de literatura.

A prova de literatura foi exigente e trouxe os três autores que sempre aparecem em provas da Fuvest: Machado de Assis, Carlos Drummond de Andrade e Guimarães Rosa. Além deles, o livro "Nove Noites", de Bernardo Carvalho, também apareceu.

"Os textos por si só ofereciam desafios para os alunos porque as questões os exploravam por sutilezas de significado e também por conhecimento profundo do enredo", diz Paulo Oliveira, professor do Curso Anglo.

Como foi o segundo dia de prova

O segundo dia, que teve uma área comum para todos os alunos e questões específicas para os candidatos dependendo do curso escolhido, foi mais técnica, mesmo em disciplinas de humanas.

"Foi uma prova abrangente, clássica e que exigia leitura atenta do enunciado e conhecimento elevado em termos conceituais", diz Daniel Perry, diretor do Curso Anglo, sobre o segundo dia.

Segundo Perry, a prova de história foi difícil, conteudista e sem grandes inovações, exigindo do aluno conteúdos bastante específicos, como Cesaropapismo dentro do grande tema de Roma Antiga, e outros assuntos como Lei de Terras.

"Foi uma prova direta, sem surpresas, mas que trouxe a importância de relacionar conteúdos", diz Ricardo Di Carlo, professor de história do Objetivo.

As questões de geografia foram consideradas bastante diversificadas e pediram capacidade de explicar conceitos, mas também entendê-los em contexto.

Com alguns gráficos, a prova tratou de temas que vão da urbanização às eras geológicas, passando por teorias demográficas e questões ambientais.

A parte de exatas foi diferente do resto da prova por ter sido pouco contextualizada.

Em física, as questões foram bem distribuídas entre os anos do ensino médio, com questões sobre mecânica, dinâmica, gases ideais, espelhos planos, resistência elétrica e campo magnético.

"Foram questões clássicas e condizentes com a rotina de estudo de um aluno dedicado", diz Thomas Haupt, professor de física do Objetivo.

Com enunciados bem diretos, matemática seguiu uma linha semelhante. A prova trouxe duas questões de geometria com destaque ao cálculo de áreas, questões de trigonometria, geometria analítica e probabilidade.

As provas de ciências da natureza também foram bastante diversificadas no que se refere aos temas escolhidos e também bastante criativas, segundo Perry.

Biologia trouxe muitos gráficos em questões de zoologia, fisiologia humana, ecossistemas e genética. Além disso, diferente da primeira fase, que não exigiu questões sobre a covid, uma questão perguntou sobre a resposta imunológica do corpo ao vírus.

Em química, uma questão tratou de desastres nucleares e outra sobre a detecção da fosfina na atmosfera de Vênus, que se insere em polêmicas recentes sobre a possibilidade de haver vida naquele planeta.

A USP oferece 8.242 vagas em cursos de graduação através da Fuvest (outras 2.905 pelo Sisu, Sistema de Seleção Unificada, com a nota do Enem).

Os convocados para primeira chamada são divulgados no dia 19 de março, pelo site da Fuvest.