Técnicos vão analisar pedido de ministro para acesso prévio a prova do Enem
O presidente do Inep (Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira), Danilo Dupas, afirmou hoje que técnicos irão analisar a possibilidade de antecipar o acesso do ministro da Educação, Milton Ribeiro, a prova do Enem.
No final de semana, Ribeiro manifestou o desejo em entrevista à CNN Brasil e disse que o intuito é evitar aquilo que ele define como "questões de cunho ideológico".
"Estava na sala durante a entrevista e ele expôs um desejo do líder máximo da educação em ter conhecimento prévio da prova. Durante a fala dele, ele deixou claro que a equipe irá analisar", disse Dupas durante a Comissão de Educação da Câmara dos Deputados.
A audiência pública foi convocada pelo deputado Idilvan Alencar (PDT-CE) para falar sobre a importância da autarquia e seu fortalecimento. A reunião ocorreu em meio uma crise dentro da autarquia. Desde o início do governo de Jair Bolsonaro (sem partido), o Inep teve quatro presidentes e servidores apontam nomeações ideológicas e falta de autonomia.
Mesmo Ribeiro dizendo que o exame "muitas vezes" traz perguntas de "cunho ideológico", o presidente do Inep afirmou que o objetivo do ministro é "resguardar que a prova seja técnica". "A influência não é ideológica", justificou Dupas.
"Nós sabemos que, muitas vezes, havia perguntas objetivas ou até mesmo com cunho ideológico. Nós não queremos isso. Queremos provas técnicas. [...] As questões mais subjetivas nós não vamos tirá-las de tudo", disse o ministro durante entrevista. Ribeiro fez também referência a uma questão da edição de 2018 que falava sobre a população trans:
"Há um ou dois atrás, por exemplo, havia perguntas como vestimenta de travestis que, naturalmente, grande maioria do povo desconhecia. São ideologias próprias, com todo respeito à orientação de cada um. No entanto, não é tema comum de conhecimento, não se aprende na escola essas coisas."
Milton Ribeiro, ministro da Educação
Dupas também foi questionado sobre a regra de isenção da taxa de inscrição do exame. Hoje, o participante que não compareceu ao Enem 2020 por medo da pandemia, mas tinha o direito de isenção, não tem o direito de fazer a prova deste ano de graça.
Mesmo com pressões e um projeto de lei para mudar a regra, o presidente do Inep disse que o edital está mantido. "Ele é validado pela Procuradoria Federal e o regulamento se mantém", disse. As justificativas previstas no edital são, por exemplo, casamento e nascimento de filhos.
Ex-presidentes do Inep defendem autonomia do órgão
Quatro ex-presidentes da autarquia participaram da audiência pública e defenderam a autonomia do órgão, além de sua importância na Educação e na formação de políticas públicas. "O Inep pode ter o monopólio dos dados, mas não pode querer ter o monopólio da interpretação desses dados", disse o economista Reynaldo Fernandes, que chefiou o Inep de 2005 a 2009.
A ex-presidente do Inep, Maria Inês Fini, também criticou o "filtro ideológico" que deve ser feito nas questões do Enem e avaliou o processo como "desnecessário". "Longe de mim dizer que os técnicos que o senhor [Danilo Dupas] recruta não tenham formação técnica, pelo contrário devem ter e muitas. Mas queria que eles tivessem formação na área de estatística e de avaliação tanto da Educação Básica, como Superior, para todos os comitês", apontou.
Dupas afirmou que a gestão é "altamente técnica" e que uma de suas prioridades é "valorização do Inep". Ele negou também que os nomes indicados para o conselho consultivo não tenham experiência em Educação Básica, como publicado pelo UOL.
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