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Enem 2021 volta a ser Enem, diz educadora, que descarta interferência

Colaboração para o UOL, no Rio

22/11/2021 08h39Atualizada em 22/11/2021 14h09

Coordenadora Pedagógica do Curso e Colégio Objetivo, a professora Vera Lúcia da Costa Nunes elogiou, em entrevista a Fabíola Cidral e Josias de Souza, no UOL News da manhã de hoje, a primeira prova do Enem deste ano, realizada ontem em todo o país. A educadora disse não acreditar que o conteúdo tenha tido alguma interferência do governo Jair Bolsonaro.

Nas últimas semanas, pedidos de demissão em massa no Inep (Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira), que elabora a prova do Enem, indicaram uma suposta interferência de membros do governo federal no conteúdo do exame. Em meio à crise na instituição, o presidente Jair Bolsonaro (sem partido) chegou a dizer que o Enem está começando "a ter a cara do governo".

"O Enem realmente volta a ser um Enem não de análise de tabela, de um dado isolado, mas um Enem que exige que nosso aluno tenha uma formação na nossa língua, e isso valeu para as 90 questões e para a redação", disse a professora.

Apesar de elogiar o conteúdo da prova, a educadora afirmou que não se pode falar "de jeito nenhum" que o Enem esteja livre de interferências políticas. Ela, no entanto, acredita que isso não tenha acontecido no primeiro exame deste ano.

Essa prova só confirmou que foi elaborada dentro de um contexto de pessoas que entendem de educação. Ela foi elaborada realmente por pessoas que estão na área da educação e que sabem o que se tem que avaliar de um candidato
Vera Lúcia da Costa Antunes

Em coletiva realizada ontem, após a aplicação da prova, o ministro da Educação, Milton Ribeiro, garantiu que "não houve interferência do governo" na montagem do exame. Ele disse que se houvesse tido interferência, "algumas questões não estariam lá".

'Admirável Gado Novo'

Uma das questões que chamou atenção na prova de ontem foi a que trouxe um trecho da música "Admirável Gado Novo", sucesso na voz de Zé Ramalho. Internautas atribuíram a questão a uma possível "indireta" a defensores do governo Bolsonaro.

"Acho que não (houve uma provocação com a música). (A prova) tem várias letras de música... não encuco com isso de achar que é uma coisa de ordem direta para falar contra governo, a favor do governo", disse Vera Lúcia da Costa Nunes.

Ainda sobre o conteúdo da prova, a educadora viu textos bem elaborados, com uma diversidade de temas e valorização da nossa língua. Ela avalia que o candidato precisou ter um bom conhecimento cultural para se sair bem no exame.

A única coisa que temos que lembrar é que foi uma prova longa, com textos trabalhosos para o aluno. Diferente de anos anteriores, ela foi mais trabalhosa, exigiu mais do candidato
Vera Lúcia da Costa Nunes