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Enem: Mães de alunos fazem tricô e cuidam de marmita na torcida por filhos

As mães Núbia Carvalho, Lucineide Melo, Elizabeth Assis e Cristina Rosas em Manaus - Rosiene Carvalho/UOL
As mães Núbia Carvalho, Lucineide Melo, Elizabeth Assis e Cristina Rosas em Manaus Imagem: Rosiene Carvalho/UOL

Rosiene Carvalho

Colaboração para o UOL, em Manaus

28/11/2021 17h33

Durante o Enem (Exame Nacional do Ensino Médio), o amor aos filhos fez uma amizade inesperada entre quatro mães na Faculdade Nilton Lins, em Manaus, enquanto esperavam e torciam por uma boa nota dos jovens.

O bate-papo ajudava a passar o tempo. No domingo passado (21), foram mais de cinco horas de conversa e o momento de combinar um ponto de encontro para hoje. Após troca de telefones, elas desejam manter a amizade.

A dona de casa Cristina Rosas, 44, disse que acompanha a filha de 18 anos para tudo como forma de incentivá-la e protegê-la. Moradora da periferia e com dificuldades no transporte público, ela sonha para a filha um destino diferente do seu.

"Moramos longe. Mas, mesmo que morássemos perto, eu viria. Antes de ela entrar para a prova, peguei na mão dela e oramos ali num cantinho", contou.

As duas saíram às 9h30 de casa. Na semana passada, preparou uma marmita para as duas almoçarem no local da prova. Mas não deu tempo. Ela optou por não mexer na comida para deixar para o final da prova.

"Se eu mexesse, podia azedar e ela sair com muita fome. Depois ainda voltamos de ônibus. Hoje, trouxe separado e ela levou a dela."

Elizabeth Assis, 68, cria o neto desde seu primeiro ano de vida. Hoje com 19 anos, ela espera estar ao seu lado no dia em que ele receber um diploma. "Ele se sente mais seguro por eu estar perto dele. Estarei com ele firme e forte até ele se formar."

A dona de casa Lucineide Melo, 54, também acompanhava o neto de 17 anos para ajudar a filha a "desviá-lo de más influências". "Para mim, é um prazer vir, esperar e ajudar meu neto, porque ele é um menino muito bom", conta, enquanto conversava com as amigas e fazia tricô.

O esforço de Núbia Carvalho, 50, era viver numa cidade com altos índices de criminalidade e tráfico de drogas. Tudo vale a pena para que a filha realize seus sonhos.