Racismo, armas e aporofobia são temas no 2º dia de prova da Unicamp
O racismo, a flexibilização do porte de armas e a aporofobia foram alguns dos temas abordados na 2ª fase do vestibular da Unicamp (Universidade Estadual de Campinas), realizada neste domingo.
Uma das propostas de redação pedia aos candidatos que escrevessem um depoimento sobre algum caso de discriminação racial que tivessem presenciado, sofrido ou cometido. Já a outra propunha que fosse feita uma análise sobre os riscos do uso de armas de fogo e dos resultados da política de segurança pública.
"São 2 temas atuais e muito pertinentes", afirmou José Alves de Freitas Neto, diretor da Comvest (Comissão Permanente para os Vestibulares).
Para a Maria Aparecida Custódia, professora de redação do curso Objetivo, a prova seguiu o exemplo de anos anteriores, ao apresentar duas propostas de redação aos candidatos.
"O primeiro tema abordava, entre outros aspectos, a ausência da educação antirracista. Já o segundo lembrava o maior número de crimes em estados em que mais pessoas têm o porte de armas", disse ela.
Além da redação, os candidatos fizeram neste domingo questões de língua e literaturas portuguesas, língua inglesa e ciências da natureza. Ao todo, havia 10 perguntas diferentes sobre as diferentes disciplinas, que terão suas respostas divulgadas pela universidade na próxima quinta (15).
Desprezo a pobres vira tema de questão
Uma das questões abordava a questão da aporofobia, que é um conjunto de práticas que têm como alvo pessoas em situação de rua e em outras condições de vulnerabilidade. Um exemplo é a instalação de pedras e espetos sob locais cobertos para evitar que pessoas em situação de rua durmam nestes locais.
"A ideia foi trazer o conceito e incitar os candidatos e candidatas a discuti-lo. São temas que interessam a universidade como local de produção do conhecimento. É uma escolha esperada e intencional", disse Marcia Rodrigues de Souza Mendonça, coordenadora acadêmica da Comvest.
Para Caroline Evangelista Lopes, professora de português do curso Objetivo, a prova tratou de temas muito atuais.
"Como sempre, uma prova muito inteligente, que o candidato com uma boa leitura e uma boa capacidade crítica conseguiria fazer com tranquilidade", afirmou ela.
Outra pergunta combinava conhecimentos de inglês e química, ao tratar da relação entre o vidro e a vacina de Covid-19.
"A questão dependia primeiramente de conhecimento geral do material vidro, que não reage quimicamente com os componentes da vacina e é 100% reciclável", explicou Filippo Fogaccia, professor de química do curso Objetivo.
Favelização, aquecimento global e energia eólica foram outros assuntos abordados pela prova que merecem destaque, na opinião de Ademar Celedonio, diretor de ensino e inovações da SAS Plataforma de Educação.
De acordo com a Unicamp, 11.739 pessoas fizeram a prova em 22 cidades de todo o país. Dos candidatos, 969 não compareceram, resultando em um índice de abstenção de 7,6% - o menor desde 2009.
Unicamp está com sistemas fora do ar
Na entrevista coletiva sobre a prova, Freitas informou que a prova "transcorreu bem", apesar do "dia peculiar" enfrentado pela Unicamp.
"Tivemos o rompimento de um cabo aéreo e a universidade está sem acesso a seus sistemas. Nosso site está fora do ar por isso", explicou ele.
Em Campinas, o calor forte no começo da prova gerou reclamações. No fim da tarde, um temporal causou alagamento em uma das salas na qual a prova era aplicada e exigiu que os alunos fossem transferidos para outro espaço.
Em função da situação, os candidatos afetados tiveram um tempo adicional para concluir o exame.
"Nossa equipe atuou para que nenhum candidato fosse prejudicado", afirmou Freitas.
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