SP: Secretário vê fatalidade em ataque em escola e atribui pânico a celular
O secretário da Educação do Estado de São Paulo, Renato Feder, avalia que o ataque à escola Thomazia Montoro, na zona oeste da capital, foi uma "fatalidade". Em entrevista exclusiva ao UOL, ele falou sobre as próximas ações nas escolas.
A resposta ao ataque
Questionado sobre o que deveria ter sido feito pelo governo, Feder diz que essa é uma "pergunta muito difícil".
Para ele, o caso aconteceu "muito rápido". O aluno brigou com um colega na unidade de ensino e quatro dias depois atacou.
O colégio anterior, entretanto, já havia registrado na plataforma da secretaria o "comportamento agressivo" do adolescente. Um boletim de ocorrência foi registrado um mês antes do ataque.
Se o aluno fala 'vou para a escola segunda-feira sem a faca', provavelmente a gente não teria tido essa fatalidade. Foi muito rápido."
Imagina uma escola rodando, com centenas de alunos ali, um monte de questões. Entra um aluno, 15 dias depois ele deu problema e a diretora falou 'vou conversar com ele'. Estava lá na agenda dela. Foi uma fatalidade."
Segurança privada e mais psicólogos
Feder disse que acredita no "caminho do acolhimento, da saúde mental e da prevenção" nas escolas.
Apesar disso, ele afirma que em um momento de insegurança é preciso a presença da polícia.
Logo após o ataque, Feder anunciou a volta de psicólogos nas escolas. Agora, confirmou que o governo deve contratar segurança particular desarmada em escolas vulneráveis e com mais ameaças.
Em um momento como o que a gente está de insegurança, a gente precisa de segurança. Então, uma escola que tem uma ameaça real, eu preciso da polícia, não tem opção. Numa escola que tem muita briga, talvez um segurança seja muito importante para levar por um período uma paz. Mas como política de Estado, acredito na prevenção e na saúde mental."
A gente vai investir muito forte em psicólogos com vínculo, visitando as escolas com frequência."
Plataforma de registro de ocorrências
Feder diz que a Placon, plataforma para as escolas registrarem ocorrências, funciona e a maioria dos gestores recebe respostas dos casos incluídos no sistema.
Ainda assim, vai passar por melhorias e será integrada a outras áreas do governo.
O UOL falou com diretores que reclamaram que não recebem retorno dos registros. Feder afirmou que a reportagem teve uma "infelicidade" e "azar" de falar com profissionais que criticaram a plataforma.
O aplicativo vai trazer uma melhoria muito forte, que vai praticamente zerar as possibilidades de falha. Quando a escola incluir um dado, ele precisa de uma ação da diretoria de ensino. Se não houver ação, quando os responsáveis da diretoria abrirem o aplicativo, vão falar: 'olha, na diretoria tal o supervisor não tomou nenhuma atitude em relação àquela escola'."
Nossa ideia é ter um aplicativo integrado com a Saúde, integrado com o Conselho Tutelar, com a Justiça da primeira infância e juventude."
Novas ameaças
Feder afirma que a maioria das escolas não tem ameaça de ataques, mas que em um "universo paralelo" das redes sociais um único caso se espalha e causa pânico entre as famílias.
As autoridades têm alertado a população a não compartilhar mensagens desse teor e denunciar os casos nos canais oficiais.
O secretário destaca que foram evitados "números enormes" de casos de violência e que há mais de mil profissionais trabalhando com saúde mental na pasta.
Os pais têm que ter essa consciência que o celular dele não está conectado com a escola real. A escola real tem pessoas normais, num ambiente saudável, num ambiente salutar. [...] São universos separados, onde no celular tem essas pessoas, infelizmente, às vezes inconscientemente irresponsáveis, que espalham o pânico, muito mais rápido que um incêndio."
Não se pode apagar o trabalho de aproximadamente mil profissionais que estão nas escolas, nas diretorias de ensino e na secretaria cuidando exclusivamente da saúde mental. Então a gente tem esse reforço."
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