Unisa diz que segue identificando e expulsará alunos flagrados nus em jogo
A Unisa (Universidade Santo Amaro) informou nesta terça-feira (19) que continua identificando os alunos de medicina que foram flagrados exibindo as partes íntimas durante uma partida de vôlei feminino com o objetivo de expulsá-los da instituição.
O que aconteceu:
Em novo comunicado, a Unisa afirma que prossegue nas apurações para reconhecimento dos participantes "dos atos execráveis" que repercutiram nas redes sociais no último final de semana. As cenas aconteceram durante uma competição esportiva entre universidades, entre elas a Unisa, no mês de maio.
A instituição ainda afirmou que "voltou" a determinar a expulsão dos alunos, resolução máxima prevista em seu regimento. A Unisa, porém, não divulgou novamente quantos estudantes foram alvos da medida. Na segunda-feira (19), a universidade já havia informado a expulsão dos estudantes "identificados até aquele momento", sem divulgar números.
A universidade também entregou informações em reunião com o procurador-geral do MPSP (Ministério Público do Estado de São Paulo), Mário Luiz Sarrubo, nesta terça-feira. O MPSP divulgou que a instituição informou ao órgão todas as medidas disciplinares tomadas contra os alunos envolvidos no caso.
No texto, a instituição voltou a reforçar que tomou conhecimento do caso, "contendo gravíssimas ocorrências envolvendo os alunos do seu curso de medicina", apenas na segunda-feira (18) e destacou o histórico da instituição. Anteriormente, a universidade havia divulgado que está contribuindo com as demais investigações e providências cabíveis.
A Unisa, instituição com mais de 55 anos de história, reitera o repúdio ao comportamento perpetrado pelos diversos acadêmicos do curso de medicina naquela ocasião [e] trazida agora a conhecimento, comportamento esse antagônico à história e aos valores dessa universidade.
Nota da Unisa
Entenda o caso
Em um dos vídeos, é possível ver cerca de 20 alunos da Unisa com as calças abaixadas e exibindo os órgãos sexuais masculinos, alguns deles cobertos pelas mãos, durante um jogo de vôlei feminino. Eles estavam na arquibancada acompanhando o evento.
Um outro vídeo deste mesmo grupo mostra o momento em que eles correm pelados pela quadra.
Após repercussão dos vídeos, a Polícia Civil de São Paulo determinou o registro de um boletim de ocorrência para a investigação do caso, incluindo a identificação dos suspeitos, informou a SSP-SP (Secretaria de Segurança Pública do Estado de São Paulo). A corporação enviará requisições às universidades envolvidas e à Secretaria de Esportes da Prefeitura de São Carlos.
O ministro da Educação, Camilo Santana, determinou que o MEC (Ministério da Educação) notificasse a Unisa para apurar as providências tomadas pela instituição contra alunos de medicina que foram flagrados nus nos vídeos.
'Não houve masturbação'
A reportagem de UOL Esporte ouviu alunos presentes na partida polêmica. Eles alegaram, sob condição de anonimato, que os homens não se masturbaram, como foi relatado em alguns posts das redes sociais.
Segundo os alunos, os homens estavam tapando os respectivos órgãos com as mãos e não teria ocorrido a masturbação coletiva.
Posição da Atlética da Medicina de Santo Amaro
Após a circulação do vídeo, a Atlética da Medicina de Santo Amaro (Associação Atlética Acadêmica José Douglas Dallora) emitiu um posicionamento oficial. Em contato com a reportagem, a Atlética destacou que vai ter uma reunião com a Unisa para abordar o assunto e afirmou que, após o ocorrido, expulsará de seu quadro os integrantes que repitam o ato.
O grupo ainda destaca que, na ocasião em que os episódios ocorreram, não houve nenhuma repercussão do caso, nem reclamações ou punições aos envolvidos.
"A Associação Atlética Acadêmica José Douglas Dallora (A.A.A.J.D.D.) vem, por meio desta, manifestar-se oficialmente sobre o episódio que tem circulado nas redes sociais, com apontamento para a Intermed (realizada entre os dias 2 a 9 de setembro de 2023).
As filmagens circuladas pela mídia não são contemporâneas e não representam os princípios e valores pregados pela A.A.A.J.D.D.
Não toleramos ou compactuamos com qualquer ato de abuso ou discriminatório. Assim, atletas, torcedores, equipe técnica e todos os envolvidos em nossas competições e eventos são, por nós, incentivados sempre a terem comportamentos pautados em princípios éticos e sociais em que prevaleçam o respeito, a inclusão e igualdade.
Reiteramos o compromisso exclusivo com o esporte e seu incentivo dentro do ambiente acadêmico, por acreditar que o mesmo é fundamental para a saúde e o desenvolvimento do atleta."
Posição do Centro Acadêmico Rubens Monteiro de Arruda
Em uma postagem no Instagram, o Centro Acadêmico Rubens Monteiro de Arruda, da mesma faculdade, também lamentou o ocorrido.
"Repudiamos as atitudes demonstradas nos vídeos que estão circulando nas mídias sociais. Tais feitos são um retrocesso para a nossa universidade e, portanto, não representam a nossa querida casa", diz a postagem.
Cultura de abusos em trotes no curso de medicina da Unisa
Existe uma cultura de abusos em trotes da Unisa (Universidade Santo Amaro). O UOL investigou por dois meses relatos que envolviam práticas graves na instituição.
Tapas, socos e cuspe no rosto, humilhações públicas e em meios digitais são alguns dos fatos relatados. A lista de constrangimentos é extensa.
Inclui faxinar a casa de veteranos, ajoelhar-se para ouvir xingamentos aos gritos, aceitar apelidos —inclusive de cunho racista—, seguir regras de vestimenta e de circulação, além de enviar ou receber fotos de genitálias masculinas por redes sociais ou aplicativos de mensagens.
"A tradição dos bixos [sic] homens na abertura é correr pelado na quadra com as outras faculdades", disse um dos participantes.
É cobrado também que se demonstre conhecimento sobre o histórico de uma cultura de abusos que se arrasta há anos, de acordo com alunos e ex-alunos.
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