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Após três anos, Enem volta a ter questões que abordam a ditadura militar

Depois de três anos, o Enem voltou a ter questões que abordam a ditadura militar. Nas últimos edições, durante o governo de Jair Bolsonaro (PL), o exame deixou de fora o assunto — que aparecia na prova desde 2009.

O que aconteceu

O exame deste ano também abordou temas sociais e citou nomes como da escritora negra Conceição Evaristo, influente nome da influentes na literatura brasileira. Os 3,9 milhões de inscritos respondem hoje a questões de linguagens e ciências humanas.

Os candidatos também precisaram fazer uma redação. O tema proposto foi "Desafios para o enfrentamento da invisibilidade do trabalho de cuidado realizado pela mulher no Brasil".

Duas questões do Enem abordaram a ditadura militar. Uma delas trazia o texto do colunista da Folha de S.Paulo Élio Gaspari sobre o assassinato do jornalista Vladimir Herzog.

A questão falava sobre o funeral dele, os discursos, o que as pessoas falaram e essa situação de opressão do regime militar e de revolta popular. Uma questão muito interessante
Guilherme Freitas, professor de história

Uma segunda pergunta sobre esse período abordava também a relação da ditadura com sindicatos rurais. "No enunciado mostrou as ações dos militares para contribuir com a organização de um sindicalismo em que os militares pudessem controlá-lo ou pelo menos estar sob a ótica desses militares", afirma Natanael Soares de Barros, coordenador pedagógico do Poliedro.

Enquanto a primeira questão trouxe o termo golpe militar de 1964, de forma bem explícita, a segunda, embora de forma mais implícita, tratou do contexto daquele momento, de como que o Brasil estava, o que o Brasil estava enfrentando, como que era a situação política, o contexto naquela época.
Sabrina Cairo, coordenadora de avaliações no SAS Plataforma de Educação

Em 2019, uma comissão criada pelo governo Bolsonaro para decidir as questões que entrariam ou não na edição do Enem chegou a sugerir a troca de "ditadura" por "regime militar". À época, o grupo justificou que o termo geraria "leitura direcionada da história".

O exame é a principal porta de entrada ao ensino superior no país. Com o resultado do Enem, os candidatos podem se inscrever no Prouni, programa de bolsas em universidades particulares, no Fies, mecanismo de financiamento, ou no Sisu, que oferta vagas nas instituições federais.

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Apagão em SP

Escolas em São Paulo que vão aplicar a prova sofreram uma queda de energia na sexta-feira (3) após fortes chuvas na cidade. A Enel, empresa responsável pela distribuição da luz, afirma que os locais estão com o fornecimento garantido.

O Inep (Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais) orientou que todos os candidatos compareçam aos locais de prova. Caso alguém seja afetado por desastres naturais, o governo federal afirma que o edital prevê a reaplicação — marcada para dezembro.

A sala de monitoramento [do Inep] vai ficar acompanhando a situação [das escolas]. Quem falar que foi prejudicado, a escola for fechada, terá o direito de fazer a prova em 12 e 13 de dezembro.
Camilo Santana, ministro da Educação

Antes do temporal, o local de prova já havia se tornado um problema para parte dos inscritos. Nas redes sociais, os candidatos afirmavam que foram colocados para fazer o Enem em lugares a mais de 30 km de suas casas.

O Inep afirmou que cerca de 1% dos inscritos foram afetados por um erro da empresa responsável pela aplicação da prova. Os prejudicados poderão fazer o Enem em dezembro e os custos ficarão a cargo da empresa, disse o ministro da Educação

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