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Após reunião com alunos, Unicamp desiste de aceitar PM no campus

Do UOL, em São Paulo

11/10/2013 19h48

Em um documento divulgado nesta sexta-feira (11), a Unicamp (Universidade Estadual de Campinas) se comprometeu a desistir de aceitar a presença da Polícia Militar no campus. O anúncio, que ainda deve ser feito em um pronunciamento público, consta no relatório de uma reunião realizada hoje com alunos que ocuparam a reitoria no dia 3 de outubro.

A autorização para que a PM patrulhe os campi foi dada em 27 de setembro, seis dias depois da morte do universitário Denis Papa Casagrande, 21, durante uma festa clandestina realizada dentro da Unicamp. Ele levou quatro facadas. Três pessoas foram indiciadas pelo crime.

No texto publicado hoje, a Unicamp se compromete a esclarecer que nenhum convênio foi firmado com a Polícia Militar e que não apresentará proposta para firmá-lo. O texto ainda diz que a reitoria “não recorrerá à PM para rondas ostensivas, revistas pessoais, intervenções no movimento sindical e estudantil, ou qualquer monitoramento dos campi”.

A universidade afirma que vai implementar um plano de segurança e vai apresentar ao Conselho Universitário uma nova regulamentação para festas e eventos "a fim de viabilizar a realização destes, garantindo segurança e estrutura”.

Além disso, a reitoria diz que, em 15 dias, deve implantar outras medidas de segurança, como a poda de árvores e melhorias na iluminação.

No relatório divulgado hoje, o DCE se compromete a reparar todos os danos materiais que possam ter ocorrido durante a ocupação da reitoria -- a saída do prédio, porém, só deve ser colocada em votação pelos alunos na próxima semana. A reitoria, por sua vez, diz que não haverá nenhum caráter persecutório e político na apuração dos fatos. “No momento da desocupação, haverá uma vistoria de praxe com as partes envolvidas”.

Ocupação

Na noite de ontem, os estudantes que ocupam desde o dia 3 de outubro a reitoria da Unicamp decidiram permanecer no prédio. A principal reivindicação dos alunos era que a universidade não aceitasse a presença da PM no campus.

Após a reunião desta sexta, os alunos devem realizar uma nova assembleia na segunda (14) para decidir se mantêm ou não a ocupação.

A Justiça determinou no dia 4 a reintegração do prédio. Na data, a Unicamp justificou o pedido à Justiça "pela ausência de diálogo por parte dos invasores".

PM na USP

Em 2011, alunos da USP ocuparam a reitoria da instituição contra a presença da Polícia Militar no campus no Butantã e contra processos administrativos envolvendo funcionários da USP. Os estudantes foram retirados do local depois de uma decisão da Justiça e cerca de 70 alunos foram detidos.

À época, a presença da PM entrou em debate após a morte do estudante Felipe Ramos de Paiva, em maio daquele ano. Quatro meses depois, o reitor, João Grandino Rodas, e o governador Geraldo Alckmin (PSDB) assinaram um convênio, autorizado pelo Conselho Gestor do Campus, para regulamentar a atividade da PM na USP.

No último dia 1º de outubro a reitoria da USP voltou a ser invadida por estudantes que desejavam participar da reunião do Conselho Universitário em que foram decididas mudanças no processo de escolha do reitor. Os universitários pedem eleições diretas, voto paritário e o fim da lista tríplice na eleição para reitor.