Os pais devem cuidar dos filhos e também dos seus próprios pais
Este texto é carregado de humor, com cenas do cotidiano conhecidas pela maioria das pessoas, para aliviar o sentimento de culpa que uma geração carrega por ser responsabilizada pela má educação dos seus filhos. É o ponto alto das minhas palestras quando o tema é relacionamento familiar.
Quando pergunto à plateia de adultos, pais e professores: Quem, quando era criança, bastava o pai olhar para obedecê-lo imediatamente? A imensa maioria levanta a mão e em seguida começa um grande vozerio, isto é, muitas pessoas começam a falar com seus vizinhos.
Entenda as gerações
Veteranos | Nascidos aproximadamente entre 1920 e 1945 |
Baby Boomer | Nascidos aproximadamente entre 1946 e 1960 |
Geração X | Nascidos aproximadamente entre 1961 e 1980 |
Geração Y | Nascidos aproximadamente entre 1981 e 2000 |
Geração Z (ou M) | Nascidos depois de 2000 |
Então eu faço outra pergunta: e, quem de vocês, basta olhar para os filhos para que estes obedeçam imediatamente? Pouquíssimos adultos levantam a mão e, mesmo assim, não o fazem com muita convicção. A média varia entre 1 e 4%, pois conto nos dedos estes adultos.
Os filhos obedeciam seus pais pois estes eram machos jurássicos: paciência curta, voz grossa e mãos pesadas. Não havia filhos que resistissem a este autoritarismo. No almoço de domingo, macarrão e galinha que a mãe preparava, quem é que comia a parte boa, peito e coxas? O pai! Sobrava o que para os filhos? Asa e pescoço! O pai jurássico reinou desde a antiguidade até os “baby boomers”.
Os filhos dos boomers, geração X, que cresceram comendo asa e pescoço de galinha, estudaram um pouco, trabalharam bastante, casaram e tiveram filhos, os Y. Muitos deles são “self-made men”. No almoço de domingo, macarrão e frango, o X olhava para os filhos Y e pensava: Quando eu tinha a idade deles eu nunca comi peito e coxa, mas os meus Y vão comer peito e coxa. Assim, sobrou o que para o X? Asa e pescoço outra vez. E os X foram a geração sacrificada que sempre comeram asa e pescoço.
Os Y foram poupados, perdoados, amados, mas não educados porque foi a geração do tudo posso e nada devo, isto é, ganharam tudo de graça e não por meritocracia. Gastaram egoisticamente tudo o que receberam como se fosse mesada, sem responsabilidade nem sustentabilidade. Os Y não foram educados pelos X e não se capacitaram para educar seus próprios filhos, que hoje têm até 15 anos de idade e formam a geração M (multi-atarefados, multi-plugados, multi-etc.). Muitos Y necessitam de ajuda dos pais asa e pescoço para extras dos seus filhos M, cujos irmãos menores, de 2-3 anos de idade, já formam a geração Touch. Esta geraçãozinha já lida com iPads e tentam trocar de canal de televisão tocando nas telas.
Há boomers vivos necessitando de cuidados e pesam sobre os X. Os X não estão senis, mas quando forem, se ficarem em casa, talvez sejam esquecidos pelos Y e estorricados ao sol e pegarão pneumonia com os serenos das noites.
Os pais X que são idosos e alguns senis nunca permitiram e nem educaram seus filhos a cuidar deles. Não seria agora que os Y iriam cuidar dos seus próprios pais, mesmo que devessem, se ainda dependem deles principalmente quando não dão conta de assistências e finanças aos seus próprios filhos.
Muitos Y não aprenderam a cuidar dos seus pais, que sempre foram mais atendedores do que atendidos. Os X não ensinaram a empatia ao serem servidores, nem foram autoridades educativas. Os Y que não aprenderam a cuidar dos seus pertences e pessoas queridas poderão negligenciar seus pais ao esquecê-los a estorricar sob o sol. Não importam as razões, colocar os pais em clínicas é uma comodidade aos filhos que representa uma falta de apego e gratidão aos pais, pois a estes o que mais lhes mantêm vivos é ficarem em casa e receber os amigos de longa data e os netos. Clínicas ou asilos podem representar o passo prévio ao cemitério.
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