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Relação profissional entre parentes

27/06/2012 18h57

A maioria das famílias, hoje, não sobreviveria se fossem analisadas friamente como empresas. Os familiares não estão preparados para trabalharem juntos na maioria das empresas, sejam familiares ou não, e os motivos são tão variados quanto são os problemas psicológicos e relacionais nelas existentes.

Os humanos são seres essencialmente relacionais. Por isso, é praticamente impossível um humano não se relacionar com ninguém a vida toda, sob pena de morrer quando sua vida entrar em risco e não houver quem possa ajudá-lo ou salvá-lo. Os humanos seriam todos extintos no planeta Terra, no máximo em 150 anos, se parassem de ter filhos.

Os humanos se dividem em dois grandes gêneros: o masculino e o feminino. Eles são muito diferentes entre si, com características de pensamentos, comportamentos e sentimentos próprios. Nem mesmo um humano é sempre o mesmo ao longo da vida, pois muda conforme a sua idade, os conhecimentos e as experiências que for adquirindo.

É preciso que o masculino some ao feminino para que ambos possam gerar filhos, e assim formar uma família. Para os pais, os filhos são as principais realizações enquanto espécie humana, e esta importância se repete em cada uma das famílias. Há vários tipos de relacionamentos dentro de uma grande família: “pai-mãe”; “pai-1º filho”; “mãe-1º filho”; “pai-mãe-1º filho”; sem contar os que existem quando se inclui a grande família de origem desta mãe e deste pai. Com a vinda de um segundo filho, a rede de relacionamentos, além de ficar diferente do que era, amplia com muitos novos relacionamentos, que crescem numa proporção geométrica conforme aumenta o número dos seus integrantes.

Cada relacionamento carrega dentro de si ligações positivas e negativas, não dando lugar às indiferenças, mesmo existindo a não convivência. Os filhos nunca são totalmente iguais uns aos outros e quando crescem as diferenças aumentam. Uns tornam-se cidadãos progressivos e outros retrógrados, uns éticos outros não-éticos, uns “folgados” outros “sufocados”, uns são protegidos outros rejeitados, uns egoístas outros altruístas, uns agressivos outros pacíficos, uns predadores outros vítimas... Assim, não há como existir relacionamentos iguais. E quanto menos educados e preparados os familiares, mais confusões, confrontos, disputas, agressões e brigas haverá entre eles, principalmente quando há competições por poder, prazer, status, lucros e benefícios. Vale a pena dizer que nada deixa uma mãe mais furiosa do que ver seu filho sendo atingido, seja qual for o motivo. Ninguém gosta de admitir a sua própria incompetência e atacar os outros acaba sendo o seu primeiro mecanismo de defesa. Filhos não educados e não preparados frustram sonhos dos seus pais que irão lutar pela sobrevivência deles, custe o que custar, seja onde for.

Numa primeira geração de filhos de pais empreendedores pode até haver uma certa continuidade da empresa familiar, esta não resiste à entrada de noras e genros, tios e sobrinhos, primos e agregados, todos querendo direitos iguais mesmo sendo profissionalmente incompetentes e por isso mesmo não levando em conta a meritocracia para fazer valer mais a herança sanguínea. Casamentos estão se desfazendo e refazendo, com filhos surgindo de diferentes fontes. Os conflitos resultantes destas separações que já interferem na vida social dos seus integrantes tornam-se insuperáveis em outras áreas atrapalhando as mais sólidas competências profissionais.

Quanto mais forem diluídos os relacionamentos familiares em empresas nas presenças de outros profissionais mais saudáveis e quanto mais forem considerados a meritocracia, a relação custo-benefício, o ônus e o bônus, o comprometimento com o trabalho, mais familiares poderão trabalhar juntos para garantirem as próprias sobrevivências.