Caminhos possíveis para tempos difíceis
Em meio ao turbilhão de acontecimentos que tem marcado nosso cenário político e econômico e impulsionado diferentes manifestações por parte da sociedade, tornam-se cada vez mais importantes as oportunidades de debates e reflexões em busca de caminhos para pensarmos em novas visões de futuro que contemplem o alinhamento de interesses e compromissos.
Recentemente participei do congresso Global Summit on Community Philantropy, em Joanesburgo, na África do Sul. Lá, tive o privilégio de ouvir histórias e depoimentos de pessoas que trabalham no campo da filantropia em 60 diferentes países de todos os continentes.
Os princípios ali discutidos podem ser uma referência interessante para todos que buscam o empoderamento das comunidades e a promoção da cidadania na busca pela equidade. Gostaria de citar os principais tópicos elencados como possíveis caminhos rumo ao desenvolvimento social:
- A colaboração e o engajamento de diferentes atores da sociedade, tais como organizações da sociedade civil, instituições de pesquisa, governos e empresas na busca de soluções comuns;
- Construir conhecimento e implementar diferentes tipos de formação para a cidadania;
- A mobilização e participação de pessoas na busca para efetivar suas demandas;
- Construir novos modelos de governança, de formas mais horizontais e flexíveis;
- Construir novas metodologias participativas com foco nos processos de atuação nas comunidades;
- Construir narrativas e formas de comunicação para engajamento da sociedade como um todo.
Escuta, diálogo, respeito, diversidade, participação e parcerias podem ser importantes princípios para se desenhar processos valiosos de mudança e resgate de valores que se fragmentaram na atual conjuntura.
Como destacou Jenny Hodgson, diretora executiva do Global Fund for Community Foundation durante o congresso, o desenvolvimento dos ativos, ou seja, da potência da comunidade, a construção de capacitação e o fortalecimento da confiança entre os diferentes atores envolvidos nas ações, resolução de problemas, projetos e programas fazem parte de um novo paradigma de intervenção social e de desenho e implementação de politicas públicas.
Maria Alice Setubal
Maria Alice Setubal, a Neca Setubal, é socióloga e educadora. Doutora em psicologia da educação, preside os conselhos do Cenpec e da Fundação Tide Setubal e pesquisa educação, desigualdades e territórios vulneráveis.