Império português - chegada às Índias - Vasco da Gama e o avanço comercial
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Muito se fala hoje em dia sobre as expectativas dos portugueses em relação às Índias (na época, esse nome era dado a toda região do Oceano Índico), mas o fato é que, no início da expansão marítima, esse não era o projeto da coroa portuguesa. Mesmo o infante d. Henrique, responsável pelo início da exploração do litoral atlântico da África, não tinha como meta chegar ao Índico.
Somente durante o reinado de d. João 2º esse projeto começou a se esboçar, ainda mais a partir das promissoras viagens de Diogo Cão e Bartolomeu Dias.
Mas com a chegada de Cristóvão Colombo à América (1492), d. João 2º teve que se dedicar a negociar com a Espanha um novo acordo, que garantisse para Portugal a rota de navegação pelo litoral africano.
Quando d. João 2º faleceu, em 1495, deixou para os portugueses o Tratado de Tordesilhas (assinado um ano antes), que permitia a livre expansão marítima em direção as Índias (e, futuramente, a colonização do Brasil).
Vasco da Gama
Foi o rei d. Manuel 1º, o Venturoso, que conseguiu concretizar tal projeto, com da viagem de Vasco da Gama até Calicute (Índia).
Vasco da Gama partiu de Portugal em julho de 1497, com uma frota de 4 embarcações, e se dirigiu à rota marítima do Cabo da Boa Esperança, ou, simplesmente, rota do Cabo.
Depois de se abastecerem em Cabo Verde, partiram em direção sudoeste, deixando que os ventos levassem as embarcações rumo ao oceano (o que os navegadores chamam de barlavento). Dessa forma, contornaram as difíceis correntes marítimas do sul da África: esse era um segredo dos "mareantes" portugueses.
Foram mais de 90 dias sem ver terra. Depois disso retomaram a direção da costa africana. Em novembro cruzaram o Cabo da Boa Esperança e em março de 1498 a frota aportou em Moçambique. Em abril chegaram a Melinde (Quênia) e ali, após negociações com o rei local, conseguiram um piloto para guiá-los até a Índia.
Em maio de 1498 Vasco da Gama e seus homens aportaram em Calicute: estava traçada a rota portuguesa até o rico comércio oriental. E apesar da relação nada amistosa entre portugueses e indianos, acredita-se que essa primeira viagem às Índias rendeu a Portugal um lucro de 6.000%.
Vasco da Gama ainda retornou duas vezes à Índia, com o objetivo de submeter a região. Usando de grande poderio militar e colocando hindus contra muçulmanos, os portugueses fundaram feitorias em Cochim, Cananor, Goa, Diu e em outras praças de comércio da Índia, organizando o que seria, futuramente, o Estado Português da Índia. Além disso, fundaram fortes em todo litoral da rota do Cabo, para garantir abastecimento aos navios que por ali passassem.
Mas a expansão portuguesa não se deteve no subcontinente indiano. Na 1ª metade do século 16 os navegadores portugueses conquistaram a Ilha do Ceilão, ilhas da Indonésia, Macau (China) e as ilhas do Japão, além do Brasil, do outro lado do Oceano Atlântico. Em todas essas regiões os portugueses fundaram feitorias e fortificações, de forma a garantir seu acesso ao comércio de especiarias, ouro, prata, marfim e escravos.
A partir de 1499, d. Manuel 1º adotou para si o título de "Rei de Portugal e dos Algarves d'aquém e d'além mar em África, Senhor da Guiné e da Conquista da Navegação e Comércio da Etiópia, Arábia, Pérsia e Índia".
Comércio e escravidão
No século 16, os portugueses mantinham comércio com quase todas as regiões do globo, mas em poucas delas se dedicaram a uma colonização efetiva, pois o maior objetivo era chegar ao comércio local, sem ter maiores gastos. Por isso, com exceção do Brasil e das ilhas africanas, a presença portuguesa ocorreu somente nas regiões litorâneas do Império.
Em suas expedições à África, a coroa portuguesa buscava jazidas de ouro e praças de comércio de especiarias e escravos. Quando era necessário, alguns portugueses adentravam o território, buscavam os centros comerciais, fundavam feitorias, mas nunca estabeleciam um domínio político-militar.
As transações comerciais com os africanos eram feitas na base do escambo: os portugueses levavam tecidos, cereais, ferro, vinho e cavalos que eram trocados por marfim, âmbar, cera, almíscar, couro, goma-arábica, cobre, pimenta malagueta, ouro e escravos.
Com o ouro e o cobre retirados da África os portugueses compravam nas Índias as tintas, principalmente o anil, e toda gama de especiarias orientais: canela, pimentas, gengibre, etc.
Quanto mais crescia o comércio entre Portugal e África, mais aumentava o comércio de escravos, pois os portugueses precisavam de mão-de-obra para a produção de cereais e açúcar nas ilhas que tinham conquistado (Madeira, Açores, Cabo Verde, São Tomé e Príncipe) - e, pouco tempo depois, no Brasil.
Nesse sentido, as feitorias de Arguim e de São Jorge da Mina foram os primeiros centros de negociação de Portugal.
A escravidão era praticada há muito tempo entre os africanos - e os árabes já negociavam escravos negros em todo Mediterrâneo desde o século 8. Mas com a introdução do ferro e do cavalo pelos portugueses, o comércio escravista aumentou muito na África.
Povos guerreiros africanos, como os jagas, passaram a capturar membros de outros povos, para obter os produtos portugueses. E quanto mais ferro e cavalos esses guerreiros obtinham, mais tinham força para conquista - e, dessa forma, mais escravos entregavam aos portugueses. Para se ter uma ideia, 1 cavalo equivalia a 20 escravos.
Não demorou muito tempo para que a venda de escravos se transformasse no mais importante negócio de Portugal. Em 1486, a coroa portuguesa fundou a Casa dos Escravos, ligada à Casa da Mina, garantindo para si todo o controle do comércio imperial.
No século 16, com o aumento da necessidade de escravos para a colonização da América, os portugueses fundaram o porto de Luanda (Angola), que se transformou no maior centro de negociação de escravos da África. Acredita-se que 1/3 dos escravos que chegaram ao Brasil saíram desse porto.
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