Após confrontos, PM diminui policiamento de protesto no centro do Rio
O policiamento dos protestos no Rio de Janeiro está menos ostensivo nesta segunda-feira (7). Segundo a PM (Polícia Militar) do Rio de Janeiro, há 500 policiais destacados para a segurança do evento -- na semana passada, a PM enviou 700 policiais. Ainda segundo a PM, o evento já soma 10.000 manifestantes.
Policiais e manifestantes entraram em conflito no dia 1º de outubro com o saldo de 23 feridos
Na Cinelândia, ponto final da passeata, chama a atenção a ausência de policiais. As escadarias do Theatro Municipal, um ponto sempre resguardado pela PM em eventos desse gênero, estão tomadas por manifestantes.
Violência em protesto
A reportagem do UOL não avistou policiamento na Candelária, onde ocorreu a concentração a partir das 17h -- havia apenas um carro que deixou o local por volta das 17h30, quando os manifestantes começaram a chegar. O primeiro grupamento de policiais só foi avistado pela reportagem na avenida Rio Branco na altura da rua Almirante Barroso.
Um cordão de manifestantes mascarados, identificados como Black Blocs, abria a passeata entre a Candelária e a Câmara. Nesta segunda, a reportagem do UOL não viu nenhum deles ser abordado para se identificar ou para tirar as máscaras como aconteceu em outros eventos.
Seguros sem PM
"Você sabe por que não tem polícia aqui? Porque somos uma manifestação ordeira. Polícia não é para o trabalhador. Polícia tem que estar em volta de marginal", disse a auxiliar de enfermagem Mariah Casa Nova, coordenadora do Sindsprev-RJ em Niterói. "É melhor e mais seguro que seja assim."
A ambulante Valquíria Ribeiro Ferreira, 42 anos, trabalha na Cinelândia durante todas as manifestações vendendo bebidas. Nesta segunda, se surpreendeu com a ausência de policiais no entorno da Câmara de Vereadores. "Aqui nos outros dias estava cheio de policiais. É até estranho. Acho que é por causa da agressão da semana passada", arriscou.
Na opinião da ambulante, a violência é causada pela PM. "Antes da polícia jogar bomba, ninguém nunca quebra nada. Quando começa a jogar bomba, o povo se revolta. Como não pode bater neles (nos policiais), quebra as coisas. Eu me sinto mais protegida no meu trabalho assim", diz ela, que tem três sobrinhos matriculados em colégio estadual sem aula desde o dia 8 de agosto. "Estou do lado dos professores. Eles precisam ter melhores salários e trabalhar com segurança."
Não havia nem fiscais de trânsito para controlar as interrupções de tráfego na região da Cinelândia. As entradas da estação de metrô Cinelândia ficaram fechadas na avenida Rio Branco. E o tradicional bar Amarelinho, que teve de fechar as portas na semana passada durante os confrontos, permanece aberto.
Confrontos
Vinte e três pessoas ficaram feridas, sendo 12 policiais militares, durante os confrontos ocorridos no centro do Rio entre a PM e manifestantes na noite do dia 1º de outubro. A Tropa de Choque da PM dispersou, com bombas de gás lacrimogênio, os manifestantes que retornaram às escadarias da Câmara Municipal do Rio, na Cinelândia, após a aprovação do Plano de Cargos, Carreiras e Remuneração dos professores da rede municipal de ensino. A manifestação era formada por professores municipais e membros do grupo Black Bloc.
De acordo com a Polícia Militar, 17 pessoas foram detidas e conduzidas para delegacias da região central da cidade. A PM informou ainda que, entre os presos, nenhum era professor. A Polícia Civil informou que o manifestante Ojuoba Bruno Marinho Barros da Silva, de 25 anos, teve a liberdade condicional revogada e foi encaminhado para uma unidade prisional da Secretaria de Administração Penitenciária do Estado.
Para o relações públicas da PM, tenente-coronel Cláudio Costa, a Polícia Militar agiu para de garantir o direito democrático de manifestação dos professores. “O que vimos ontem foi a participação de um grupo de vândalos que se infiltrou no meio do movimento atacando a Polícia Militar, trazendo todo o transtorno visto.”
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