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Black Blocs tomam e vandalizam pelo menos cinco ônibus no Rio

Giuliander Carpes e Hanrrikson de Andrade

Do UOL, no Rio de Janeiro

07/10/2013 21h27Atualizada em 08/10/2013 06h55

Pelo menos cinco ônibus foram sequestrados e vandalizados por grupos de manifestantes mascarados, identificados como Black Blocs, na noite desta segunda-feira (7) no centro do Rio de Janeiro.

Não havia passageiros nos veículos no momento da ação.

A reportagem do UOL acompanhou dois veículos sendo conduzidos até a avenida Rio Branco, na altura do MAM  (Museu de Arte Moderna) do Rio de Janeiro. Neste ponto, os motoristas mascarados deixaram os dois ônibus que começaram a ser quebrados por outros manifestantes. Eles foram estacionados em região próxima ao local onde outro ônibus foi incendiado.

Fogo na Rio Branco

Um veículo foi tomado por mascarados e incendiado na avenida Rio Branco. Por volta das 21h20, bombeiros tentavam controlar o fogo do veículo em chamas. O motorista Herique Santos Souza. que trabalha há dois anos e meio na empresa, contou que os mascarados que sequestraram o veículo pretendiam jogá-lo sobre a entrada de um prédio comercial. "O mascarado falou para mim que meu ônibus ia virar estatística", contou Souza. 

No bairro da Lapa, na região central da cidade, a reportagem se deparou com mais dois veículos que haviam sido levado até lá por manifestantes mascarados. Ambos estavam com os vidros quebrados. Um deles foi avistado na rua Maranguape, perto da igreja da Lapa e o outro na lateral do Passeio.

Um pouco antes, a reportagem do UOL presenciou um intenso confronto entre manifestantes e policiais -- cinco guarnições do choque entraram em ação com dezenas de bombas de efeitos moral e muitos tiros de bala de borracha para dispersar o grupo.

 

Contra violência

O protesto foi combinado pelas redes sociais e os organizadores pretendem juntar um milhão de pessoas contra "a intransigência e a truculência dos governos do Estado e do munícipio em relação à proposta feita pelos educadores sobre melhorias na educação".

A ideia é recuperar o fôlego dos movimentos de junho, quando ocorriam protestos toda segunda e quinta-feira no centro da cidade.

Na semana passada, os vereadores do Rio votaram em caráter de urgência um plano de cargos e salários enviado pelo prefeito Eduardo Paes. A votação ocorreu a portas fechadas e causou grande revolta entre os docentes, que não concordam com a proposta. Do lado de fora da Câmara, houve confronto com a polícia, que armou um bloqueio no entorno da casa legislativa e reprimiu os manifestantes com violência.

Dias antes, um grupo de professores municipais que havia ocupado o plenário do Palácio Pedro Ernesto para evitar a votação já havia sido removido com uso de bombas de efeito moral, gás lacrimogêneo e spray de pimenta durante a madrugada. O Sepe (Sindicato Estadual dos Profissionais de Educação) respondeu com a manutenção da greve e um protesto pacífico com cerca de 4 mil pessoas em frente à prefeitura.

A entidade pede a retomada da negociação, mas Paes afirma que o sindicato não cumpriu três acordos assinados em reuniões preliminares à proposta. O Sepe questiona na Justiça a legalidade da votação que resultou no plano. A greve dos professores estaduais e municipais, que reivindicam também o fim da chamada meritocracia, reajustes salariais e que um terço da carga horária seja usada no planejamento de aulas, começou no dia 8 de agosto.